O estrondo provocado pelo estudo de Steve McIntyre, relativamente à forma como Briffa et al. aldrabaram os dados que suportaram vários estudos climáticos importantes, é enorme. Para além do seu site ter estado temporariamente indisponível, tem suscitado um enorme interesse por toda a Internet. Como o tema é extremamente difícil, e tão intrincado, é preciso contextualizar a história toda. Nesse sentido, recomendo o link abaixo, embora reconheça que é preciso bastante tempo para interiorizar toda a informação nele disponibilizada.
Por isso, resumem-se aqui os pontos mais importantes:
-Os gráficos de temperaturas das últimas centenas de anos, estilo hockey-stick, são baseados essencialmente em dados proxy de árvores. Estão disponíveis muitas séries, mas Mann, Briffa et al. têm utilizado um subconjunto muito pequeno dessas séries.
-Os dados de Yamal foram tratados pelos cientistas russos, Hantemirov and Shiyatov, mas Briffa antecipou-se com um paper na Quaternary Science Reviews: Annual climate variability in the Holocene: interpreting the message of ancient trees. Os dados são semelhantes aos dos russos, mas no de Briffa os valores no final do século XX são muito superiores. Este paper é uma das fundações científicas do Aquecimento Global de origem antropogénica.
-Um artigo na Science, em 2006, The Spatial Extent of 20th-Century Warmth in the Context of the Past 1200 Years, também de Briffa, aguça a curiosidade de Steve McIntyre. Apesar dos pedidos dos dados à Science, considerada a segunda revista científica mais importante do mundo, a Science entendeu não ter que fornecer os dados, porque o artigo referenciava dados num artigo anterior. A Science recomendou que Steve contactasse o autor desse artigo original, que é o próprio Briffa!!! Obviamente, este nunca forneceu os dados...
-Em 2008, Briffa volta a publicar numa publicação muito respeitável, Philosophical Transactions of the Royal Society B, o artigo "Trends in recent temperature and radial tree growth spanning 2000 years across northwest Eurasia". O artigo baralha e volta a dar. Só que a publicação exige que os dados dos artigos sejam disponibilizados...
-Steve McIntyre escreve à revista exigindo os dados. Respondem pedindo desculpa pelo facto de não terem assegurado uma das suas próprias exigências. Depois de vários meses, a revista informa Steve que os dados seriam disponibilizados no final de 2008 ou início de 2009.
-No final de 2008 aparecem os dados utilizados por Briffa, mas convenientemente omitindo duas parcelas de dados, nomeadamente os relativos a Yamal. Em Setembro de 2009, um internauta avisa Steve que os dados foram disponibilizados no início do mês no site de Briffa, mais de um ano depois do pedido original.
Em apenas poucos dias, Steve começou a desmoronar este castelo de cartas que é o Aquecimento Global antropogénico. A forma como a Ciência sai maltratada é todavia a conclusão mais importante. A displicência com que as revistas científicas ao mais alto nível tratam a correcção dos seus artigos é arrepiante. Por mim, nunca mais comprarei uma. Viva a Internet e os internautas!
http://bishophill.squarespace.com/blog/2009/9/29/the-yamal-implosion.html