quarta-feira, 18 de abril de 2012

Preços electricidade OMIE em 2011

Os preços de electricidade praticados no âmbito do MIBEL, e que estão acessíveis no site do OMIE, dão-nos uma perspectiva clara dos preços praticados em termos de um mercado que se pretende aberto. Tenho sido desafiado por vários leitores, e mesmo críticos, e porque mais ninguém parece querer investigar, a divulgar publicamente estes dados. Por isso, cá segue o início de mais um exercício de serviço público gratuito.

No primeiro gráfico abaixo podemos observar a distribuição do custo da electricidade no mercado, para cada um dos períodos horários do ano de 2011. São um total de 8760 pontos, que se concentram essencialmente em torno dos 40 a 60 €/MWh. Para uma contextualização da importância destes dados, foi inserida na imagem uma linha nos 93.50 €/MWh, o valor médio pago às eólicas em 2011. Tal significa uma coisa muito simples: a mais competitiva das energias alternativas, foi apenas competitiva em termos de mercado numa hora do ano! Tal feito histórico, ocorreu entre as 20 e 21 horas de 12 de Janeiro de 2011.

No segundo gráfico abaixo podemos observar todos os pontos ordenados por ordem crescente de preço. Também aqui se verifica que durante a grande maioria dos períodos horários do ano se verificaram preços entre os 40 e 60 €/MWh, com 95% dos períodos horários a registarem um valor inferior a 65.81 €/MWh. Comparando com um gráfico de 2010, o primeiro neste post emblemático, verifica-se muito menos electricidade de borla, em função da maior produção hídrica dos primeiros meses de 2010, e também menos períodos horários com valores superiores aos dos valores médios pagos aos produtores eólicos. Nota-se também uma subida dos valores médios significativa, e que a ERSE contabilizou como preço de referência do mercado regulado em 38.74 €/MWh para 2010, e de 51.84 €/MWH em 2011. Ainda assim, 2011 acabou por ser o terceiro ano com electricidade mais barata desde 2002!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Imbecilidades de Eduardo Oliveira Fernandes

O leitor assíduo Rui Nogueira da Costa enviou-me um link para uma notícia com referências de Eduardo Oliveira Fernandes, presidente da Agência de Energia do Porto (AdEPorto), que se sai com umas tiradas absolutamente imperdoáveis. Aliás, Eduardo Oliveira Fernandes é cada vez mais uma nódoa, como o provou na sua recente participação na peixeirada do Prós e Contras. Mas agora, Eduardo Oliveira Fernandes consegue ser ainda mais ignóbil, como o prova a declaração inicial:

a crise "tem sido um ajudante extraordinário" na redução das emissões porque "tem levado à redução de consumos de energia, em particular da eletricidade, que as pessoas gostavam de queimar à tripa-forra".

Nós sabemos que o objectivo desta palhaçada é um regresso à Idade Média. Eduardo Oliveira Fernandes junta-se assim a pensadores deploráveis, como Jorge Vasconcelos, que nos querem fazer passar mal, para alguns, poucos, poderem continuar a mamar. Ao mesmo tempo, diz uma série de disparates:

"Na realidade, a eletricidade é a energia mais poluente que nós temos em Portugal. Devido à crise, tem havido redução do seu consumo. Por um lado, a redução do consumo e o crescimento das renováveis fazem com que estas tenham um peso significativo na eletricidade e com que esta seja mais limpa. Como há menos consumo, há menos emissões"

Não sei como ficam os defensores dos carros eléctricos neste filme... Se a electricidade é a energia mais poluente que temos em Portugal, então definitivamente um SUV é melhor que um carro eléctrico! Numa versão mais extensa desta propaganda inqualificável, no Porto Canal, Eduardo Oliveira Fernandes continua com as imbecilidades:

"O facto de a energia ser mais cara é também um bom sinal, ao contrário do que se diz, porque se a eletricidade é energia por excelência, ela tem que ser mais cara do que qualquer outra"

Tem que se dar conta destes académicos. Como peça central da estratégia de energia da última década, é a pessoas como Eduardo Oliveira Fernandes que os Portugueses têm que pedir contas!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Envergonhar as empresas de energia

O Jornal i do passado Sábado tinha uma capa interessantíssima, a remeter para um artigo de Bruno Faria Lopes. Nele se refere que o Governo tem armas alternativas à renegociação dos contratos de energia, e que passam por envergonhar publicamente as empresas que não cedam... Tudo isto parece ter sido uma ideia da Troika!

Gostei muito do artigo! E ocorrem-se-me logo múltiplas formas de envergonhar estas empresas, que não incluem apenas a EDP, como recentemente evidenciamos com o exemplo da Endesa. Aliás, a maior parte dos Portugueses indignados fariam muito melhor em manifestar-se em frente das sedes destas empresas, que em muitos outros locais deste País.

No entanto, o Ecotretas não vai sugerir manifestações. Essas não teriam muito impacto em empresas que não estão habituadas a ouvir os Portugueses. As sugestões têm que ser mais substanciais. Para começar, é preciso tocar-lhes onde lhes dói mais: no dinheiro que nos roubam.

Assim, a primeira sugestão é simples: como a redução do consumo pode não levar a lado nenhum, a forma mais fácil de lhes ir buscar dinheiro é na potência do contador, e que referimos aqui há vários anos. Por exemplo, diminuir de 6.9 kVA para 4.6 kVA, significa uma poupança neste momento de mais de 3 euros mensais! Eu consegui fazer ainda mais, mas este é apenas um salto. Apenas há que ter em atenção que não se pode ter vários equipamentos devoradores de energia ligados em simultâneo. Nos primeiros tempos poderão surgir alguns disparos do disjuntor, mas rapidamente se adaptará... A adaptação não é muito distinta daquela que é necessária fazer quando se adopta o bi-horário.

Se todos os consumidores domésticos portugueses (cerca de seis milhões) conseguissem fazer uma mudança desta dimensão, que é gratuita, haveria um rombo nas contas da EDP de cerca de 18 milhões de euros mensais, ou seja de 216 milhões de euros anuais. Seria um enorme cartão amarelo! Bora lá mostrá-lo!

sábado, 14 de abril de 2012

A crise acabou!

No final de Janeiro tinha avisado. Depois voltei a alertar! No final do mês de Fevereiro constatei o óbvio: que os Portugueses estavam a morrer de frio... E fiz a correlação óbvia das mortes com as temperaturas.

Numa Sociedade dominada pelos argumentos aquecimentistas, os bobos da corte não tardaram em aparecer. O PCP acusou o Governo de ser responsável pela “morte antecipada de muitos portugueses”. O PS acusou o Governo "de provocar a morte de pessoas com idade avançada". O seu líder, José inSeguro, disse mesmo que "os especialistas que já vieram dizer que o número anormal de mortes não se deve apenas à questão dos vírus que são normais nesta altura do ano, e que podem estar associados a outras razões, designadamente de natureza social e económica". Mas o deputado do Bloco de Esquerda, João Semedo foi mais longe, descobrindo o "vírus da austeridade" que "é responsável pelo aumento do número de mortes em Portugal"... Finalmente, especialistas em saúde pública associaram excesso de mortalidade à crise económica. Estas foram ainda assim pequenas amostras, pois foram muitas mais as barbaridades que se disseram por aí...

Assim sendo, e tendo por base esta imbecilidade colectiva, pode-se determinar o fim da crise, olhando para o gráfico abaixo. Ele é retirado do mais recente documento do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, e onde se verifica claramente que a crise, o vírus do João, e as medidas do Governo acabaram concerteza, pois o número de mortes está abaixo do que seria expectável para esse período:

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Envisat's mysteries

I read in the news today that connections have been lost with the Envisat satellite. ESA has already confirmed it too, but reading the latest Mission Operations News, it seems it would be predicted for a satellite that had only been planned for a five year mission.

So I ran to see how the sea level graphs had finished, and to my biggest surprise, the graph from AVISO had changed dramatically! I recall seeing it about a week ago, with totally different values! From an historical perspective, several older graphs can be seen in a post 9 months ago (in Portuguese), or compared with other satellite measurements in this WUWT post. Please compare the graph 9 months ago on the left, and the more recent one on the right (click to zoom):


Notice that the slope has gone up from 0.76 mm/year to 2.33 mm/year! This manipulation, which has no other name, has been justified by Aviso with the following notes:
  • Envisat time series extended before 2004 starting from Mai 2002.
  • Envisat V2.1 GDR reprocessed data used. The new standards are also detailled in the table "Processing and corrections".
  • Instrumental correction sign corrected (impact of around +2mm/year). The error detection and impact on data is detailled in:
    • Envisat 2011 yearly report, A. Ollivier & M. Guibbaud, soon on the Aviso website
    • Envisat Reprocessing impact on ocean data, A.Ollivier & M. Guibbaud, soon on the Aviso website
    • A.Ollivier et al. 2012, Envisat ocean altimeter becoming relevant for mean sea level long term studies? (submitted in Marine Geodesy)
  • new NetCDF CF format in the products and images selection interface

Now, this looks like a small part of the Envisat mystery. Please check that the older graph starts in 2004, but the newer graph starts in mid 2002! Notice that in the newer graph, the 2002 and 2003 values were much higher that those of 2004, and that the highest values of 2003 were not surprassed till late 2008. Now imagine why they were not there in the older graphs, and how being there would create a trend probably very near to ZERO!

The last image, the above one on the right, that's on the AVISO site is dated "Tue, 10 Apr 2012 09:14:03 GMT", so clearly has been put there after the satellite failed, which occurred last Sunday. No doubt that the hiding the decline was already planned, but probably was executed swiftly after the fail. Strangely, the last color image taken by the satellite was above Portugal, which is obviously a coincidence. But it looks like its mysteries have only started...

Poluição na China

Os alarmistas estão sempre tão preocupados com o CO2, seu impacto no clima, e nas formas de reduzir as emissões. Mas quando se fala da China para eles, toca a ajoelhar, porque é um tabu sagrado! Já várias vezes abordei o tema da poluição na China aqui, como por exemplo neste caso da poluição associada aos minerais verdes, ou nestes casos associado à poluição de chumbo ou de mercúrio.

Alarmistas como James Hansen, que ontem recebeu a medalha de Edinburgo, equipara a questão moral das alterações climáticas à da escravatura. Ele está preocupado com uma central na Eslovénia, mas nunca se lhes viu nenhuma preocupação com as mais de uma central que os Chineses activam por semana! Na verdade, Hansen mais não é que um escravo dos Chineses. Mas estes, indiferentes à palhaçada do escravo, estão conscientes dos problemas com a poluição, que afinal eles respiram em primeiro lugar, e por isso têm uma estratégia energética apropriada para o futuro.

Mas enquanto as centrais nucleares, a gás e as novas barragens não chegam, a poluição continuará a ser muito significativa. Nesta página, podem ver como é a desgraça da poluição na China, donde as duas imagens seguintes foram retiradas:


Nas duas imagens seguintes, retiradas deste site da NASA, temos imagens de satélite do início do ano, que mostram como a poluição chinesa é visível do espaço, e como as condições variam de um dia para o outro. Nada que não tenha sido já observado no passado. No presente, há mesmo informação em tempo real sobre a poluição em Pequim, que está disponível no Twitter.


Enfim, da próxima vez que ouvirem um ambientalista, alarmista, ou outro qualquer a falar de CO2, perguntem-se porque não falam eles da poluição Chinesa?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Donos de híbridos não são fiéis

Muitos dos defensores dos carros híbridos dizem que quando se experimenta um, não se quer outra coisa. Mas não foi isso que foi determinado nos Estados Unidos... Segundo esta notícia, apenas 35% dos donos de um híbrido voltam a comprar outro híbrido quando mudam de carro. E se excluirmos os donos de Toyota Prius, então a fidelização baixa para valores inferiores a 25%. Na capital do automóvel, Detroit, os valores são mesmo inferiores aos valores médios dos Estador Unidos.

O estudo original está disponível aqui, e aí verificamos que os antigos donos de um híbrido até mantêm a escolha na marca, mas escolhem outros carros não híbridos! E isto acontece mesmo com os preços da gasolina a também subirem significativamente para aqueles lados... Ainda mais surpreendentemente, a Polk descobriu que os locais com consumidores ditos mais ecológicos (eg. Los Angeles, San Diego, Portland e Seattle) não são mais fiéis que o resto dos Estados Unidos. Quem diria?!