O debate sobre a exportação de energia a custos baixos, ou mesmo nulos, para o estrangeiro, é antiga aqui no Ecotretas. No início do ano verificamos como estavamos a trabalhar para aquecer, tendo depois verificado que a má gestão era a característica dominante da importação/exportação de energia. Há pouco mais de duas semanas, na sequência do Manifesto por uma nova política energética em Portugal, voltamos à carga para evidenciar a validade das afirmações inscritas no Manifesto.
Entretanto, os defensores das energias renováveis, sentiram o toque. Como o que se verificou no blog Ambio, nos últimos dias, e que se tem intensificado. Ainda hoje, Henrique Pereira dos Santos teve um ataque saudosista, com insinuações de aldrabice à mistura, talvez motivado pelo comentário que fiz no post anterior, relativo aos dois terços do Alqueva que foram por água abaixo. Eu sei que eles têm dificuldades em fazer contas, por isso aqui vão mais umas verdades inconvenientes.
Neste primeiro artigo vamos calcular quanto dinheiro foi deitado fora na exportação de energia eléctrica. Todos os dados aqui utilizados foram retirados dos sites da OMEL e da REN. O dinheiro mais mal gasto é quando se está a exportar energia para Espanha, e se está a pagar dinheiro aos produtores fotovoltaicos. Acreditamos que este cenário não terá um impacto significativo, mas a ele voltaremos. No caso da eólica, o cenário é diferente, e será o analisado aqui
A energia eólica produzida em Portugal, como sabemos, tem tarifas feed-in. Ou seja, tudo o que eles produzirem tem que ser comprado pela EDP. Aliás, um dos argumentos bacocos dos ambientalistas é que a energia eólica não é exportada no contexto da OMEL. Pois claro! A EDP tem que comercializar aos Portugueses a energia mais cara, e vende a mais barata, que é a restante, aos estrangeiros.
Em 2009, a tarifa média para as eólicas foi de 93.74 €/MWh. Quase sempre a tarifa praticada foi inferior à das eólicas, e em apenas 6.895% dos períodos horários do primeiro trimestre se verificou uma produção eólica efectivamente inferior à exportada. Por isso, para cada período horário escolheu-se o menor dos valores, ou a energia eólica produzida nessa hora, ou a energia efectivamente exportada. Em qualquer um dos casos, seria sempre preferível não pagar aos produtores eólicos, do que pagar-lhes e receber uma quantidade inferior de dinheiro dos estrangeiros. Multiplando cada um desses valores de energia exportados, pelo diferencial entre o preço pago às eólicas e o preço de energia praticada no âmbito do OMEL, verificamos que se perdeu no primeiro trimestre a módica quantia de 50893224.12 €!
Estas contas continuarão a ser complementadas. Para que os Portugueses percebam a factura que estão a pagar... Para este peditório do primeiro trimestre, cada Português já entrou com 5 euros!