terça-feira, 2 de março de 2010

Bruxaria meteorológica

Os nossos antepassados tinham um conjunto de pre-conceitos sobre o tempo e a previsão meteorológica. Evidência disso são os múltiplos provérbios sobre o tempo. Mas à falta de melhor, ainda hoje persistem em acreditar que o homem comanda o tempo! E não nos referimos aqui à fraude da origem antropogénica do Aquecimento Global...

Chikumbeni Mwanatheu, de 35 anos, foi condenado a dois meses de prisão, com trabalhos forçados, por ter impingido feitiços no vizinho. O tribunal de Mulanje, no Malawi, deu como provado que Chikumbeni utilizou as suas bruxarias para impedir que caísse chuva na quinta do vizinho! O afectado, Mphepo, fez queixinhas à comunidade, e Chikumbeni admitiu e confessou até que tinha comprado a magia da seca a um homem de Mangochi.

Mas Chikumbeni Mwanatheu está com sorte! É que apesar da crença em bruxaria estar muito enraizada no Malawi, os suspeitos da sua prática são muitas vezes chacinados... Mas pode ser que Al Gore lhe dê um toque: afinal, ele precisa de alguém que traga o Aquecimento Global de volta!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tango triste do Aquecimento Global

O tango argentino é uma dança apaixonante, mas triste como o nosso fado. Assim como o é a história seguinte, de Corrientes, no norte da Argentina. Francisco Lotero, de 56 anos, e Miriam Isabel Coletti de 22 anos, suicidaram-se, porque andavam preocupados com o Aquecimento Global, que iria fundir o planeta, e pela suposta inacção dos presidentes... Mataram também o filho de ambos e enfiaram uma bala noutra filha/bebé de sete meses, que milagrosamente sobreviveu, apesar de ter sido descoberto apenas três dias depois pela Polícia! Os ecologistas irão ficar felizes, porque as emissões de CO2 agora são ligeiramente menores no Planeta.

Abutres ambientalistas

Depois da catástrofe que se abateu sobre a Madeira, não tardaram a aparecer os abutres ambientalistas. A maioria deles apostaram no "não vos disse?", naquela senda de que qualquer chuvada daquelas teria tido consequências semelhantes nas ribeiras enterradas de Lisboa, ou mesmo nos arredores a norte de Lisboa, ou mesmo em muitos outros locais do país, onde a proximidade com os rios e ribeiros é uma constante.

Mas há espécies mais desconhecidas. Que começam agora a aparecer. Como um tal António Baptista, que há muitos anos está ausente do país. Para ele, a tempestade na Madeira é "mais um sinal de um mundo que está em mudança". Como se o planeta tivesse estado parado, não se sabe muito bem até quando! O senhor admira-se por coisas extraordinárias como as do "aparecimento de tipos de peixes em zonas onde historicamente não têm presença ou até a morte inexplicável de grande quantidade de espécimes". Como os abutres gostam de mortes em grandes quantidades...

O artigo do Público continua com pérolas como "Faz sentido dizer que há mudanças profundas, mas não sabemos quais são", ou então que "As mudanças serão significativas, só não se pode saber quais"! O artigo conclui com mais ênfase que por enquanto "é difícil provar qual vai ser a mudança". Por isso, mesmo desconhecendo completamente onde está a sua presa, "É preciso antecipar agora, tomar as medidas necessárias para ter zonas saudáveis, que permitam aos animais ser saudáveis e aos homens também". Perceberam?

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Previsões, leva-as o vento



A tempestade que ontem se abateu sobre o país foi amplamente anunciada na Comunicação Social. Depois do desastre das previsões acerca do que aconteceu na Madeira, o Instituto de Meteorologia não podia fazer a coisa por menos, e declarou o alerta vermelho para quase todo o Norte e Centro do país, conforme pode ser visto na primeira imagem acima. Conforme se pode observar nas próprias páginas do IM, o alerta vermelho relativamente ao vento é considerado quando a velocidade média do vento ultrapassa os 90 Km/h.

O problema é que os valores previstos ficaram muito longe da realidade. A observação dos próprios dados do IM, no período mais crítico, e que está visível na segunda imagem acima, revela que às 16 horas, a velocidade máxima havia sido registada no Porto, com cerca de 60Km/h. Esta velocidade do vento nem sequer o alerta laranja justifica! No site do SNIRH são disponibilizados dados muito mais detalhados, que confirmam os dados dos ventos médios. A primeira imagem na segunda linha acima é relativa à estação mais a norte, supostamente onde os impactos seriam máximos. Apenas momentaneamente passou os 40 Km/h. Pelo resto do país as velocidades apenas ligeiramente superaram os 60 Km/h, conforme se pode ver nas imagens seguintes.

A verdade final é que as previsões do Instituto de Meteorologia sairam completamente furadas. Os ventos passaram muito ao largo da costa portuguesa, revelando as ineficiências das previsões, mesmo a algumas horas de distância!

Cobardia eólica

É sabido que a energia eólica funciona com o vento. Quando ele existe, claro! Muitas pessoas desconhecem todavia que vento a mais é um problema. E hoje fica aqui o registo para a posteridade do que acontece à produção eólica quando há algum vento a mais. No gráfico ao lado, verifica-se em primeiro lugar que a diferença entre a potência prevista e a efectivamente gerada é muito significativa. Parece que quem faz as previsões não sabe bem o que acontece quando há um alerta vermelho meteorológico relativo a vento. Registe-se igualmente que o pico de vento sentido nesta tempestade, que afectou Portugal, ocorreu a meio da tarde, quando a produção de energia eólica foi a mínima observada durante o dia...

Alqueva: sempre a bombar desperdício


Depois de há dois meses o Instituto de Meteorologia estar preocupado com a seca, o país rapidamente passou para as preocupações com as cheias. Logo no início de Janeiro, observamos que a energia desperdiçada constituía energia suficiente para alimentar cerca de 3200 famílias portuguesas durante todo o ano de 2010! E outras notícias deram conta das consequências, felizmente não envolvendo percas humanas. E posteriormente confirmamos que a energia desperdiçada nesses primeiros dias era equivalente à energia gerada pelo MARL também num ano.

Passado mais de um mês, pode-se fazer novo balanço. Desde então para cá, o Alqueva continuou a bombar. A bombagem reversível durante este ano, até ao passado dia 25 de Fevereiro (os dados disponíveis neste momento), consumiu quase 22GWh. Esta energia é a suficiente para abastecer 7300 famílias durante um ano completo, ou o equivalente a quase 3 meses de produção da central solar da Amareleja! Verificaram-se, igualmente durante esse período, descargas de 936hm3, o que já representa um desperdício superior a 20% da sua capacidade de armazenamento (que é de 4150hm3). Este volume de descargas é muito superior (mais de 7 vezes) à água que foi bombada durante estes dois primeiros meses de 2010, pelo que efectivamente foi desperdiçada claramente toda a energia dispendida na bombagem reversível. Ou dito de outras forma, a água descarregada no Alqueva este ano daria, caso fosse possível aproveitá-la, para produzir tanta energia quanto a Amareleja produz em dois anos!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CO2 na escola

Um leitor atento indicou-me um post de Antón Uriarte, no seu blog, relativo ao tema das concentrações de CO2, na atmosfera interior de uma escola. O artigo referencia um paper de Griffiths et al., Control of CO2 in a naturally ventilated classroom, na revista Energy and Buildings, que estudou as concentrações de CO2 numa sala de aula.

Pelo gráfico acima, rapidamente percebemos, como diz Uriarte, que as nossas criancinhas já há muito teriam morrido, se o CO2 fosse assim tão mau como o pintam. Reparem como o pico supera os 3000 ppm de CO2, quase uma grandez acima das concentrações na atmosfera. Vale a pena ler o artigo na totalidade, para perceber mais em detalhe as evoluções dos valores. Na Internet há mais artigos sobre o tema, como este, que também detalha como podem ser atingidas grandes concentrações de CO2, derivado da respiração dos docentes e alunos...