quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Viver à custa das alterações climáticas

Há tretas que não conseguem estar calados. Francisco Ferreira, da Quercus, é um desses. Na Visão do passado 19 de Outubro, ele começa por impôr o "consenso":

A ciência, através do último relatório de mais de três mil cientistas, considerou, como factos inequívocos, que as alterações climáticas e a sua causa estão na atividade humana. Há quem conteste a relação entre os extremos meteorológicos cada vez mais frequentes e a mudança do clima, de uma forma mais lata. Mas quando a sua frequência e intensidade estão muito longe do normal, estes sintomas tornam-se mais significativos.

Ele continua depois com as habituais confusões entre tempo e clima. Ele está confuso porque, ora está calor, ora está frio:

Em 2011, Portugal Continental teve a sua segunda Primavera mais quente desde 1931 (a mais quente foi 1997), com três ondas de calor, uma em Abril e duas em Maio. Aliás, o mês de Maio foi o mais quente desde 1931. Março, porém, foi mais frio e chuvoso do que o normal. Em contrapartida, nos Açores Maio foi o mês mais frio desde 2000, com muito pouca precipitação, e no Funchal não choveu durante o mês de Junho.

À minha avó também lhe fazia confusão isso das alterações climáticas. Ora estava calor, ora estava frio. Tal como o Chiquinho, que descobriu que houve por aí uns temporais:

O Inverno de 2010/11 (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) foi caracterizado pela ocorrência de fenómenos extremos: um tornado que atingiu os concelhos de Torres Novas, Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã, em Dezembro; episódios de neve nas regiões do Norte e Centro; duas ondas de frio (em Janeiro e Fevereiro); chuva forte com ocorrência de queda de granizo, em Dezembro e Fevereiro; e vento forte, em Fevereiro.

Posso-vos garantir que neste Inverno também haverá mais temporais! E continuarão a existir ano após ano, tal como têm acontecido no passado. O problema do Chico é que ele tem memória curta... Para ele, importante é que tenha havido um extremo na Anadia:

Na primeira quinzena de Outubro do presente ano foram ultrapassados os extremos históricos para este mês em locais como Lisboa, Bragança ou Anadia. Neste período, registaram-se mais duas ondas de calor e não houve chuva em Portugal continental, um cenário que já vinha desde início de Setembro. Temos atualmente 1/3 do território continental em situação de seca severa e extrema.

Mas, o que ele quer sei eu! O que ele quer é continuar a viver à grande e à Francesa, à custa das Alterações Climáticas:

Apesar da crise, e para garantir que o futuro não nos sairá mais caro, integrar o impacte das alterações climáticas no planeamento e nas diversas políticas de forma a minimizá-lo deve ser, claramente, uma prioridade fundamental.