Em Portugal ainda há pessoas a viver como na Idade Média, ou quase. Em Boticas, na localidade de Casas da Serra, os dois últimos habitantes, os irmãos Manuel e José Ferreira, viram propagar-se pela serra um parque eólico com dezenas de aerogeradores mas só no próximo Outono é que vão ter luz eléctrica na localidade, onde nunca chegou a energia eléctrica! Nem frigorífico, nem rádio, nem televisão... Entretanto, os irmãos guardam carne salgada e, da terra que cultivam, retiram os restantes alimentos. O resto do tempo é passado entre trabalhos que arranjam em outras aldeias, a olhar a paisagem ou a dormir. À noite recorrem à iluminação dos candeeiros a petróleo.
No Século XXI é possível disseminar dezenas de aero-geradores, mas fazer chegar algo tão essencial a casa das pessoas não é justificável economicamente? Por esta e certamente outras razões, as pessoas foram indo embora... Como o caso do casal Domingos e Alzira Ferreira, que deixaram Casas da Serra há dois anos para irem viver para Quintas, aldeia perto da vila de Boticas. A Alzira é clara: "Saímos de lá porque não havia luz. Puseram lá as ventoinhas mas não puseram luz. Aqui até já temos frigorífico".
Agora, a cerca de três meses das eleições, o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Campos, promete a energia eléctrica no próximo Inverno. A coincidência é espantosa: "Em fins de Setembro ou meados de Outubro o problema estará solucionado". Será que não é apenas mais uma promessa???
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