sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pedro Viterbo à nora

Ontem, os Media voltaram a nausear-nos com referências a um conjunto de supostas conclusões de Pedro Viterbo, do extinto Instituto de Meteorologia. Recordemos que ele é um dos dois representantes de Portugal no IPCC. Resumidamente, é dito uma série de barbaridades sobre como serão os próximos Invernos em Portugal, mas para as enquadrarmos, temos que ver o que foi dito antes...

Na Bíblia das Alterações Climáticas em Portugal, o SIAM II, o Aquecimento Global traz claramente menos precipitação a Portugal. Mas vejam o que o livro diz sobre a precipitação no Inverno, na página 72 do PDF (76 do livro) (realces da minha responsabilidade):

No que se refere ao ciclo anual de precipitação, a maioria dos modelos projecta para os meses de Inverno um aumento ligeiro da precipitação acumulada no ponto Norte no período 2070-2099 em relação ao período 1961-1990, tomado aqui como período de referência.

Mais à frente, na página 74 do PDF (78 do livro), refere-se o seguinte:

No Inverno, para os cenários A2 e A1F1, as anomalias de temperatura variam entre +1.5ºC e +4ºC e as anomalias de precipitação entre -25% e +20%. A maioria dos modelos prevê um aumento da precipitação de Inverno em Portugal Continental, principalmente na região Norte.

Todo este texto é confirmado pela imagem da Fig. 2.52, que aparece na página seguinte, e que se visualiza abaixo. O Inverno está no canto superior esquerdo da imagem, e não há dúvidas que as previsões são de aquecimento substancial, e uma previsão favorável de precipitação, sobretudo quando comparado com as restantes estações do ano:


É claro que os tretas invocarão que isto são previsões para 2070-2090, quando a maior parte deles já cá não estarão. Mas olhando por exemplo para a Fig. 2.19 do SIAM II, não há dúvidas que a tendência é praticamente linear! E olhando para as previsões do IPCC, também não há grandes dúvidas que os Invernos vão ser mais quentinhos, embora em termos de precipitação haja alguma redução prevista mais para o sul do País:


É neste contexto que temos portanto que analisar as conclusões de Pedro Viterbo. Vou ter como referência o artigo da TVI24, que parece ter sido o primeiro a sair, sendo certo que parecem cópias chapadas de um texto da LUSA. O parágrafo introdutório prevê Invernos secos e mais frios em Portugal, o que vai manifestamente contra o que o IPCC e o SIAM propagandeiam:

A redução do gelo no Oceano Ártico devido ao aquecimento global pode provocar um aumento de invernos secos e mais frios em Portugal, disse hoje à Lusa Pedro Viterbo, do Instituto de Meteorologia (IM).

Mas não julguem que Pedro Viterbo se passou para os lados dos cépticos! Vejam como o Aquecimento Global é a justificação para a redução do gelo no Oceano Árctico, outra frase infeliz, sobretudo quando nos últimos dias a anomalia de gelo no Árctico foi das mais próximas da normal, nos últimos sete anos! Perante as contradições, Pedro Viterbo começa logo a enrolar-se:

«Há uma indicação de que poderá haver maior frequência destas situações de invernos secos e de secas, mas não sei até que ponto posso dar significância estatística a isto», sublinhou Pedro Viterbo.

E a confusão continua... Será que o IPCC está mesmo certo?

O especialista considera que o estudo estabelece uma tendência, mas não consegue explicar «o facto de os dois últimos anos terem sido muito chuvosos», sendo que o de 2009/2010 foi mesmo o «mais chuvoso de sempre» em Lisboa.

Logo de seguida, Pedro Viterbo dá uma martelada nos poucos argumentos que poderia ter, e que referi acima, e que reside nas previsões serem a tão longa distância. Quando dão jeito, é já a seguir:

Pedro Viterbo admite que o «gelo do Ártico está a diminuir a uma taxa muito superior àquilo que os próprios modelos de clima dizem» e considera que «as previsões de um grande decréscimo na segunda metade do século XXI, provavelmente vão já acontecer na primeira metade do século XXI».

E porque o Aquecimento Global tem que explicar tudo, dá-se o pino final:

De acordo com o estudo, desde que a superfície do gelo caiu para um nível recorde, em 2007, quedas de neve nitidamente mais abundantes do que o normal foram observadas em vastas regiões norte-americanas, na Europa e na China.

Nos invernos de 2009-2010 e 2010-2011, o hemisfério Norte registou a segunda e terceira acumulações de neve mais fortes desde o início dos registos.

Não há dúvidas que estes pseudo-cientistas estão completamente à deriva! Dizem uma coisa e o seu contrário... O problema é que à medida que forem produzindo estudos e mais estudos a granel, serão cada vez maiores as contradições! E nestes tempos da Internet, bastam apenas alguns minutos para desmanchar estes fantoches da Ciência.