segunda-feira, 30 de abril de 2012

Podia mudar-lhe a opinião

O canal de televisão australiano ABC emitiu há uns dias um documentário interessante, "I Can Change Your Mind About..Climate", com a presença do céptico Nick Minchin e da alarmista Anna Rose. O programa é bem esgalhado, tendo entrevistado um conjunto de pessoas de ambos os lados do debate. Como de costume, é sempre um momento alto quando se tropeça em Marc Morano. Vejam como ele deixou a inexperiente Anna completamente sem palavras:



Nós já sabemos que estes tretas não fazem a menor ideia da ciência! Ela disse que não argumentava com Morano, porque ele não era um cientista climático; ela, todavia, é formada em Direito e Artes!? Eu até gosto especialmente de activistas como Anna, que fazem figuras de parvas, e cuja expressão idiota perante Morano me fez lembrar a da activista da Greenpeace com Christopher Monckton.

Particularmente interessante foi também a presença de Jonova. Ela e o marido têm uma forma extraordinária de evidenciar quão podre está esta ciência, e prometem divulgar a lição não editada da malhação que deram na Anna. Enquanto não chega o vídeo, a transcrição efectuada pela ABC dá-nos uma ideia de que Anna terá aprendido mais ciência em casa do David e Jo, do que em todo o tempo anterior!

Recomenda-se o visionamento do episódio na sua totalidade, no link do site da ABC, ou abaixo, cortesia do Fiel Inimigo. Os cientistas desta ciência fraudulenta ficaram ofendidos, mas o público teve outra opinião! Se quiserem, podem preencher o inquérito que a ABC fez, para perceberem qual é o vosso perfil neste debate, e perceber que mais de metade do público acha que isto das Alterações Climáticas é uma grande treta!

sábado, 28 de abril de 2012

Potência vs. ponta

A imagem ao lado dá-nos uma ideia clara de como o sistema eléctrico português descambou nos últimos anos. A verde está o total de potência instalada em Portugal (escala à esquerda), e que cresce de cerca de 10 GW em 2000 para quase 19 GW em 2011. A azul está a potência máxima solicitada à rede (escala à esquerda), e que corresponde ao pico de consumo, e que cresceu de uma forma muito inferior, de cerca de 7000 MW em 2000 para um máximo de cerca de 9400 MW em 2010. A vermelho está o rácio entre as duas variáveis (escala à direita), e que cresce, nestas circunstâncias, também a um ritmo muito elevado. Todos os dados foram obtidos a partir da REN e ERSE.

O que significa este crescimento deste rácio? Uma coisa muito simples: temos capacidade instalada em demasia. No ano passado, pela primeira vez, tivemos mais do dobro da capacidade instalada do máximo do consumo atingido em Portugal! Ou seja, para termos uma certa quantidade de electricidade, temos o dobro do que seria necessário para produzir essa tal quantidade! Utilizando a analogia do Luz Ligada, poderíamos imaginar que cada um de nós teria sempre o dobro de lugares, ou de transportes, para nos deslocarmos de um lado para o outro!

Porque acontece isto? A maior razão está relacionada com o baixo factor de capacidade da energia eólica em Portugal, e que tem determinado a subida da potência instalada. Os leitores dirão que o mesmo acontece com a energia hidroeléctrica, mas ao contrário das eólicas, a energia produzida pelas barragens pode, e é, mobilizável justamente nos períodos de maior consumo. E o que é que isto significa? É uma evidência que estamos a pagar um duplo investimento para termos a certeza que temos electricidade nos picos de maior consumo! E estou só a falar de consumo de ponta, porque para o consumo médio, a situação ainda é mais vergonhosa. A ela voltarei quando tiver os dados de consumo de 2011, que ainda não foram publicados pela DGEG.

Noutros países, em vez de se fazer uma gestão esbanjadora, faz-se uma gestão apertada. O exemplo Norueguês é um clássico, como pode ser visto neste documento. Este estudo alemão analisou a realidade da Alemanha. Na verdade, a maioria dos estudos restantes que observamos são antigos, pois esta é uma realidade muito inconveniente...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Cortar nos luxos e excesso de voluntarismo

As audições na Comissão de Economia e Obras Públicas terminaram há minutos, com muitas novidades! Estiveram presentes o ex-Secretário de Estado da Energia, e o actual Secretário de Estado da Energia, Artur Trindade. Fico com um mixed feeling sobre as suas declarações, sendo que Henrique Gomes continua com a sua guerrilha com António Mexia. As suas declarações, bem como a divulgação dos estudos confirma que Gomes estava obcecado com Mexia, e não com resolver verdadeiramente o problema. Enfim, hoje até reconheceu que "deveríamos ter feito os investimentos nas eólicas com mais cuidado", mas o resto foi um ataque cerrado a quem é responsável por apenas parte do buraco.

Artur Trindade avançou com algumas ideias claras, que tenho defendido aqui no blog. Relativamente ao PNBEPH, referiu que "existe e é para cumprir, agora não me venham pedir mais subsidios, o plano é para cumprir mas não para onerar mais a factura", o que significa que a minha interpretação da garantia de potência é correcta, e desmistifica totalmente as contas da GEOTA e companhia.

Na vertente da cogeração, Artur Trindade referiu que "temos que atalhar o problema dos falsos produtores de co-geração e que cuja actividade se centra na remuneração fixa". Referiu que "a redução é muito significativa, em torno de 100 milhões por ano, em ano cruzeiro, mas isso nao chega". Pois não, e pelos casos que temos levantado no blog, muitos cortes haverá aqui a fazer!

Na vertente das energias renováveis, Artur Trindade também não poupou nas palavras, embora tenha sido cauteloso. Segundo o Secretário de Estado, o Governo não tem "nada contra as energias renováveis. Mas deve haver moderação nos custos e na forma de remuneração, porque o país não tem capacidade de pagar luxos e excesso de voluntarismo" e que as "remunerações são muito acima da média". Falta saber se vão tomar medidas, ou se isto é apenas para parlamentares ouvirem...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Os melhores sacos do lixo

A Quercus voltou à carga com a história dos sacos de plástico. Sempre que aparecem notícias destas, lembro-me logo da história do Verde Otário. E fico a pensar quando a nossa Cristas, das taxas vergonhosas, desenterrará a proposta anterior da taxa dos sacos de plástico.

Nem de propósito, há uns dias o leitor Rui Monteiro, de Montemor-o-Velho, havia-me enviado a sua perspectiva acerca dos sacos de plástico. Ele e eu, usamos-os para meter o lixo. Um exemplo notável de reciclagem, que certamente é seguido pela grande maioria dos leitores e Portugueses! Mas o Rui foi mais longe e fez as contas, muito importante nestes tempos de crise!

E as contas são muito simples: um saco do Lidl custa 4 cêntimos. E são bem melhores que os do Continente, que são os que eu uso para o lixo. Apesar de serem piores, é verdade que os meus saem de borla, pelo que não me queixo. Mas o Rui foi ver quanto custam os sacos do lixo no Lidl, e 30 sacos de lixo de 25 litros, sensivelmente da mesma dimensão dos sacos da caixa, custam 1.29 €! No Continente, metade, 15 sacos de 30 litros, denominados "Ecobag Fecho Fácil", da Vileda, nome apropriado para ecologista triste comprar, custam neste momento 3.59€, ou seja quase 24 cêntimos por saco!

Conclusão, nada como continuar a pagar os da caixa, embora como o Rui refira e bem, que agora tem que pagar aquilo que dantes lhe davam! Quando a Cristas se lembrar de os taxar, podemos ter a situação inversa, que é comprar os do lixo, e abri-los logo ali, para levar as compras para casa!

Agora, expliquem pf. o que ganha o Ambiente? Quais são os melhores sacos para enfiar o lixo? É que os do Continente e Vileda tẽm a inscrição de que são degradáveis, mas como os sacos do Lidl não dizem nada, e os que se pagam são mais rijos, aposto que demoram mais tempo a degradar-se que os meus do Continente, que são bastante frágeis. Afinal, tenho quase a certeza, os sacos de borla são os melhores para o Ambiente!

terça-feira, 24 de abril de 2012

A mina de ouro do mercado de carbono

Antón Uriarte disponibilizou ontem um link para um artigo muito interessante do El Pais. O artigo refere como o mercado das emissões de carbono é um negócio de ouro para a Indústria, e uma ruína para o Estado.

Em Espanha, as cimenteiras e as várias indústrias ligadas à construção foram das que mais beneficiaram. Em quatro anos, venderam direitos de emissão avaliados em 1279 milhões de euros. Enquanto isso, o Estado espanhol comprou no estrangeiro 770 milhões de direitos, e necessitará de uns 500 milhões adicionais. As empresas perceberam que era mais rentável deixar de produzir e ganharem dinheiro com isso. Na realidade, em Espanha, com a queda da construção, a queda da produção até deu jeito!

Mas mais interessante que observar o disparate em Espanha, é começar a escavar no disparate Português. Como é habitual, a informação sobre estes esquemas não abunda. A Judiciária anda no terreno à caça do esquema do carrossel, um esquema que já leva vários anos noutros países. Entretanto, andamos entretidos a comprar direitos noutros países...

Um bom sítio para começar a recolher informação é no sistema de registo europeu, onde podemos encontrar informação por país. Nesta folha de cálculo temos a lista das empresas portuguesas que mamam deste esquema. As que têm maiores direitos são as eléctricas e as cimenteiras. A consulta da listagem revela um conjunto de 212 empresas, que descobriram esta verdadeira mina de ouro...

Os estúpidos dos responsáveis pelo esquema europeu, porque não têm outro nome, ainda se vangloriam de que este esquema contribuiu para a quebra de emissões. Pudera! Então se é mais barato mamar do que produzir, de que estavam à espera? Agora que, com este esquema, a indústria europeia, e especialmente a portuguesa, está desaparecida, e habituada à chucha, não se quiexem da crise!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Lóbis da Fátima Campos Ferreira

Alertado por um leitor, dei uma vista de olhos à entrevista no DN de hoje, a Fátima Campos Ferreira. A apresentadora do Prós e Contras, que recentemente referenciamos, a propósito da Peixeirada no "Insustentável Custo da Energia", levantou a questão dos lóbis que dominam maquiavelicamente a nossa Sociedade. De quem se foi ela lembrar quando lhe pediram para concretizar?

A atual conjuntura social e económica de Portugal trouxe novos temas e problemas para discutir. Ainda há temas tabus?
Há temas onde há muitos lóbis. Sou, atualmente, um grande observatório da nossa sociedade...
Quais as áreas a que se refere?
Há lóbis em todos os sectores. Acontece, por exemplo, na área ambiental e até na preservação do ambiente.

domingo, 22 de abril de 2012

Restrições na microprodução

Já abordamos várias vezes no blog o problema da microprodução, a forma mais anti-social de geração de energia em Portugal. Com imensos esquemas envolvidos, agora damo-nos conta que a banda continua alegremente a tocar neste domínio, mesmo quando o País já se está a afundar! Mas outras notícias dão-nos conta que a festa estará a acabar...

O Decreto-Lei nº 25/2012, de 6 de Fevereiro infelizmente não suspendeu a atribuição de licenças de microprodução. Elas continuam a ser emitidas a grande velocidade, conforme se pode ver pela listagem do final do mês de Março. A velocidade de instalação destes sangue-sugas é tão grande que, nalguns locais já foi ultrapassado o limite de 25 % da potência do respectivo posto de transformação, conforme os números 6 e 7 do artigo 4º do Decreto-Lei nº 363/2007. A lista de locais onde tal já aconteceu está disponível neste link do site Renováveis na hora.

Olhando para a listagem, há vários aspectos que saltam à vista. Em primeiro lugar, o facto da maior parte das restrições se aplicar a locais do interior. Tal pode significar a existência de postos de transformação mais pequenos. Numa amostragem rápida no Google Maps, o que observei foi essencialmente um conjunto de localidades com habitações dispersas e muitas moradias. Mas isto não deve explicar tudo, pelo que não me admirava muito que esta praga resultasse de dinamismo local... Talvez algum dos leitores conheça a realidade de algum destes locais, e me queira explicá-lo!

sábado, 21 de abril de 2012

A vergonha do PNAER e PNAEE

Na sequência da estratégia de envergonhar os lobbies que se posicionam para continuar a mamar e chuchar no bolso do contribuinte e consumidor, e que teve uma reacção assinalável de muitos leitores, há agora uma outra via muito interessante de todos contribuirmos para tentarmos por alguma ordem nisto.

Está em discussão pública a nova proposta do PNAEE e PNAER, que se designa de “Linhas de orientação para a revisão dos Planos Nacionais de Ação para a Eficiência Energética (PNAEE) e para as Energias Renováveis (PNAER)”. O documento, que descarreguei ontem do site da DGEG, e ainda está disponível neste link, é dado no site da DGGE como estando indisponível, por motivos de ordem técnica. Agarrem uma cópia, porque ou muito me engano, ou vai ter uma segunda versão melhorada.

Eu já dei uma vista de olhos de 5 minutos e encontram-se algumas, poucas, ideias esperançosas. Mas continua cheio de disparates! E as próprias reacções saídas na Imprensa dão-nos conta de como os lobbies estão incomodados. Ou porque o Governo trava eólicas e corta energia solar em mais de 60%, ou porque o apoio à microprodução tem os dias contados. Sente-se o pânico no ar, o qual já contagiou os burocratas de Bruxelas, que esperam manter a nossa caminhada na direcção da Idade Média...

O PNAER e PNAEE estão em consulta pública até 18 de Maio, mas até essa informação foi retirada do site da DGEG. Algo de muito extraordinário em termos de pressões se deve estar a passar, mas o ideal é documentar a situação actual, porque no futuro tudo isto desaparecerá:


Entretanto, o Plano das Festas será o seguinte: Nas próximas duas semanas analisarei o documento, e recolherei as opiniões dos leitores. Uma semana antes de terminar o prazo dos comentários/observações, farei um resumo dos pontos que serão importantes considerar neste documento, que condicionará de forma muito significativa a estratégia energética dos próximos anos. Então, convidarei os leitores a envergonhar o status quo actual, submetendo comentários/observações de que eles estarão pouco à espera...

Actualização: O link do documento já não funciona. Quem quiser, é só pedir por email (canto superior esquerdo)...
Actualização II: Podem ler os comentários ao PNAER/PNAEE aqui.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Portela + 1 = Alverca

Anda por aí a grassar, novamente, a polémica do aeroporto de Lisboa. Já havíamos abordado a polémica há dois anos, mas está na altura de voltar ao tema. Como é evidente, os lobbies procuram fazer vingar as suas teses, esperando mamar do erário público.

Em primeiro lugar, como referi no artigo de há dois anos, a Portela ainda tem muito para dar. É só fazer as duas obras minúsculas referenciadas então. Com a Easyjet a estrear hoje a sua base em Lisboa, e com a Ryanair a querer trazer milhões de passageiros, o que é perfeitamente possível, dado que para o Porto transportaram mais de 2 milhões de passageiros em 2011, há que todavia fazer uma outra aproximação.

Como não podemos ficar à espera, nem temos dinheiro para a megalomania de um novo aeroporto, há que adaptar um, e depressa. As alternativas que se colocam em cima da mesa são Alverca, Sintra e Montijo. Para todos aqueles que defendem que Beja e Monte Real são uma alternativa, só posso dizer que estarão bêbados de qualquer coisa, provavelmente regionalismo. Basta ver a aberração mais recente de Beja , para perceber a estupidez e alucinação em que vivem os mentores desse aeroporto...

Das três alternativas, defendo claramente a de Alverca. É aquela que tem todas as características adequadas para resolver o problema. Monta-se um barracão (inspiração: barracão do Terminal 2 do aeroporto de Malpensa em Milão) e umas passadeiras rolantes até ao comboio, a 150 metros! Recordemos que a Linha do Norte tem justamente do Oriente até Alverca quatro vias de circulação, pelo que não há quaisquer limitações na introdução de um shuttle rápido até ao Oriente (vel. máxima de 200 Km/h de Alverca até Moscavide, praticamente a totalidade do trajecto), ao contrário do que dizem alguns mal-informados. Tudo num tempo inferior a 10 minutos! Junta-se o equipamento técnico, e está feito! Tal simplicidade é impossível de imaginar para Sintra ou Montijo. E não alimenta os lobbies, como seria o caso da Lusoponte e Ascendi! E não tem o historial de casos do Montijo 1 2 3.

Ademais, tal como nas outras duas opções, não é preciso serviço de fronteiras, limitando-se os voos ao espaço Schengen. Serviço de bagagens é básico, dado os voos serem ponto a ponto, e a grande maioria dos passageiros transportar a sua própria bagagem. É ainda possível fazer a saída dos aviões pelos seus próprios meios, sem push-back, e colocar os passageiros nos aviões pelos seus próprios pés, tudo para gaúdio de todos!

É claro que depois há as supostas incompatibilidades com o aeroporto da Portela... Na verdade, as incompatibilidades, são muito maiores no caso do aeroporto do Montijo. No enfiamento da 08/26, temos o Cristo Rei, e o enfiamento da 03/21 da Portela. Acresce não estar orientada em função dos ventos dominantes, um problema que também afecta, em menor grau, a pista 14/32 de Sintra. A 01/19 do Montijo é melhor, mas mais curta que a de Alverca, sem grande capacidade de crescimento, e interfere na 17/35 da Portela.

Como pode então funcionar Alverca? Há tantas hipóteses. Exige apenas planeamento! E não nos esqueçamos que vai ser um aeroporto secundário, pelo que a quantidade de movimentos não vai ser naturalmente muito elevada!

Quando o vento é o dominante, de norte, o problema não se coloca nas descolagens. Como Alverca irá servir praticamente apenas a Europa (excepções: low-costs para as ilhas), os aviões descolam daí normalmente, enquanto a descolagem da Portela se faz igualmente de forma normal, privilegiando porventura os voos que levantem e voltem à esquerda (especialmente ilhas e continente americano). Adicionalmente, a pista 35 da Portela pode perfeitamente ser utilizada em simultâneo. O problema coloca-se nas aterragens. Note-se que o enfiamento das duas pistas, dada a pequena diferença de ângulos, é evidente. O problema é agravado pelo facto de Alverca estar a uma cota 100 metros inferior à da Portela. Todavia, os aviões que serão destinados a Alverca não são propriamente A340s/747s, tendo muita maior capacidade de manobra, e menores restrições. Existindo limitações, não são substanciais.

Quando o vento é de sul, a Portela utiliza as pistas 21 e 17. Aqui o problema é essencialmente simétrico, mas não totalmente, derivado das limitações associadas a uma aterragem abortada em Alverca. Esta possibilidade, que tem sempre que ser considerada, reduz marginalmente a capacidade de operação da Portela. Nas descolagens, há igualmente limitações, mas mais uma vez as características técnicas dos aviões a operar em Alverca, associado ao facto de transitarem na sua grande maioria para a Europa, praticamente não cria problemas.

Enfim, as justificações para "enterrar" Alverca servem apenas para esconder o facto de que com muitos poucos milhões de euros se resolve o problema. Sem benefício dos lobbies. É por causa destes lobbies que os técnicos encontram problemas, em vez de soluções! Então se compreenderá que Alverca constitui claramente o melhor complemento para o Aeroporto da Portela, e uma solução que agradará certamente à Ryanair & companhia.

Actualização I: Um leitor enviou-me um link interessante para fotos de aviões em Alverca, a maioria suponho que do Museu do Ar.
Actualização II: Outro leitor alertou-me para o facto de que, já hoje, os comboios directos entre Alverca e Lisboa demoram apenas 10 minutos. A consulta da página da CP revela que há hoje, 2012-04-20, 15 ligações directas de 10 minutos, num total de 87 ligações diárias entre Alverca e Lisboa. No sentido contrário há 90!!!
Actualização III: Um terceiro leitor enviou-me referências para dois vídeos do Youtube. O primeiro é de um Airbus a aterrar em Alverca, e o outro é de um pequeno jacto a levantar da Portela e a aterrar em Alverca. Dá para perceber perfeitamente o voltar inicial para a direita, e depois para a esquerda, bem como a exequibilidade de voos simultâneos, desde que nas condições referenciadas no post.

Actualização IV: Um leitor atento alertou-me para a troca nas referências às pistas 17 e 35, entretanto corrigida. Tinha-me baseado na elaboração deste post no mapa deste documento, que também está errado...
Actualização V: Um leitor evidenciou que o Aeroporto de Alverca ficará quase tão perto do centro de Lisboa, quanto o da Portela, se considerarmos a deslocação por Metro. Na verdade, a linha do aeroporto da Portela levará cerca de 5 minutos a chegar ao Oriente, apenas um pouco menos que um shuttle rápido de Alverca. A continuação da linha de Metro entre o Aeroporto e o Campo Grande está apenas prevista. Este é ademais uma evidência que Alverca será claramente a melhor posicionada, quando se considerar o tempo necessário para interligar os dois aeroportos, e que em cenários óptimos, poderá permitir a um passageiro colocar-se no outro aeroporto em 20 minutos!
Actualização VI: Ao contrário do que se possa pensar, a Portela está longe do esgotamento. Vejam a disponibilidade de slots disponíveis neste site, e comparem com outros aeroportos... Carreguem em "Runway Availability", depois em "Week", escolham o aeroporto "LIS", e introduzam uma data. Escolham, por exemplo, uma das piores semanas, "23JUL". O resultado é a primeira imagem abaixo. A segunda imagem abaixo, à direita, mostra o que é um aeroporto verdadeiramente congestionado, o de Heathrow, em Londres (clique para ver melhor):

Actualização VII: Um leitor enviou-me mais uma desvantagem de Alverca: é que o pessoal do aeromodelismo gosta de se divertir para aqueles lados, e não vão querer perder direitos adquiridos... E não é que uma pesquisa pelo Youtube revela inúmeros exemplos, como revela o primeiro vídeo abaixo? Já agora, no segundo vídeo abaixo, podemos ver um desses modelos a filmar a área envolvente... Não admira que não queiram libertar o espaço!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Preços electricidade OMIE em 2011

Os preços de electricidade praticados no âmbito do MIBEL, e que estão acessíveis no site do OMIE, dão-nos uma perspectiva clara dos preços praticados em termos de um mercado que se pretende aberto. Tenho sido desafiado por vários leitores, e mesmo críticos, e porque mais ninguém parece querer investigar, a divulgar publicamente estes dados. Por isso, cá segue o início de mais um exercício de serviço público gratuito.

No primeiro gráfico abaixo podemos observar a distribuição do custo da electricidade no mercado, para cada um dos períodos horários do ano de 2011. São um total de 8760 pontos, que se concentram essencialmente em torno dos 40 a 60 €/MWh. Para uma contextualização da importância destes dados, foi inserida na imagem uma linha nos 93.50 €/MWh, o valor médio pago às eólicas em 2011. Tal significa uma coisa muito simples: a mais competitiva das energias alternativas, foi apenas competitiva em termos de mercado numa hora do ano! Tal feito histórico, ocorreu entre as 20 e 21 horas de 12 de Janeiro de 2011.

No segundo gráfico abaixo podemos observar todos os pontos ordenados por ordem crescente de preço. Também aqui se verifica que durante a grande maioria dos períodos horários do ano se verificaram preços entre os 40 e 60 €/MWh, com 95% dos períodos horários a registarem um valor inferior a 65.81 €/MWh. Comparando com um gráfico de 2010, o primeiro neste post emblemático, verifica-se muito menos electricidade de borla, em função da maior produção hídrica dos primeiros meses de 2010, e também menos períodos horários com valores superiores aos dos valores médios pagos aos produtores eólicos. Nota-se também uma subida dos valores médios significativa, e que a ERSE contabilizou como preço de referência do mercado regulado em 38.74 €/MWh para 2010, e de 51.84 €/MWH em 2011. Ainda assim, 2011 acabou por ser o terceiro ano com electricidade mais barata desde 2002!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Imbecilidades de Eduardo Oliveira Fernandes

O leitor assíduo Rui Nogueira da Costa enviou-me um link para uma notícia com referências de Eduardo Oliveira Fernandes, presidente da Agência de Energia do Porto (AdEPorto), que se sai com umas tiradas absolutamente imperdoáveis. Aliás, Eduardo Oliveira Fernandes é cada vez mais uma nódoa, como o provou na sua recente participação na peixeirada do Prós e Contras. Mas agora, Eduardo Oliveira Fernandes consegue ser ainda mais ignóbil, como o prova a declaração inicial:

a crise "tem sido um ajudante extraordinário" na redução das emissões porque "tem levado à redução de consumos de energia, em particular da eletricidade, que as pessoas gostavam de queimar à tripa-forra".

Nós sabemos que o objectivo desta palhaçada é um regresso à Idade Média. Eduardo Oliveira Fernandes junta-se assim a pensadores deploráveis, como Jorge Vasconcelos, que nos querem fazer passar mal, para alguns, poucos, poderem continuar a mamar. Ao mesmo tempo, diz uma série de disparates:

"Na realidade, a eletricidade é a energia mais poluente que nós temos em Portugal. Devido à crise, tem havido redução do seu consumo. Por um lado, a redução do consumo e o crescimento das renováveis fazem com que estas tenham um peso significativo na eletricidade e com que esta seja mais limpa. Como há menos consumo, há menos emissões"

Não sei como ficam os defensores dos carros eléctricos neste filme... Se a electricidade é a energia mais poluente que temos em Portugal, então definitivamente um SUV é melhor que um carro eléctrico! Numa versão mais extensa desta propaganda inqualificável, no Porto Canal, Eduardo Oliveira Fernandes continua com as imbecilidades:

"O facto de a energia ser mais cara é também um bom sinal, ao contrário do que se diz, porque se a eletricidade é energia por excelência, ela tem que ser mais cara do que qualquer outra"

Tem que se dar conta destes académicos. Como peça central da estratégia de energia da última década, é a pessoas como Eduardo Oliveira Fernandes que os Portugueses têm que pedir contas!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Envergonhar as empresas de energia

O Jornal i do passado Sábado tinha uma capa interessantíssima, a remeter para um artigo de Bruno Faria Lopes. Nele se refere que o Governo tem armas alternativas à renegociação dos contratos de energia, e que passam por envergonhar publicamente as empresas que não cedam... Tudo isto parece ter sido uma ideia da Troika!

Gostei muito do artigo! E ocorrem-se-me logo múltiplas formas de envergonhar estas empresas, que não incluem apenas a EDP, como recentemente evidenciamos com o exemplo da Endesa. Aliás, a maior parte dos Portugueses indignados fariam muito melhor em manifestar-se em frente das sedes destas empresas, que em muitos outros locais deste País.

No entanto, o Ecotretas não vai sugerir manifestações. Essas não teriam muito impacto em empresas que não estão habituadas a ouvir os Portugueses. As sugestões têm que ser mais substanciais. Para começar, é preciso tocar-lhes onde lhes dói mais: no dinheiro que nos roubam.

Assim, a primeira sugestão é simples: como a redução do consumo pode não levar a lado nenhum, a forma mais fácil de lhes ir buscar dinheiro é na potência do contador, e que referimos aqui há vários anos. Por exemplo, diminuir de 6.9 kVA para 4.6 kVA, significa uma poupança neste momento de mais de 3 euros mensais! Eu consegui fazer ainda mais, mas este é apenas um salto. Apenas há que ter em atenção que não se pode ter vários equipamentos devoradores de energia ligados em simultâneo. Nos primeiros tempos poderão surgir alguns disparos do disjuntor, mas rapidamente se adaptará... A adaptação não é muito distinta daquela que é necessária fazer quando se adopta o bi-horário.

Se todos os consumidores domésticos portugueses (cerca de seis milhões) conseguissem fazer uma mudança desta dimensão, que é gratuita, haveria um rombo nas contas da EDP de cerca de 18 milhões de euros mensais, ou seja de 216 milhões de euros anuais. Seria um enorme cartão amarelo! Bora lá mostrá-lo!

sábado, 14 de abril de 2012

A crise acabou!

No final de Janeiro tinha avisado. Depois voltei a alertar! No final do mês de Fevereiro constatei o óbvio: que os Portugueses estavam a morrer de frio... E fiz a correlação óbvia das mortes com as temperaturas.

Numa Sociedade dominada pelos argumentos aquecimentistas, os bobos da corte não tardaram em aparecer. O PCP acusou o Governo de ser responsável pela “morte antecipada de muitos portugueses”. O PS acusou o Governo "de provocar a morte de pessoas com idade avançada". O seu líder, José inSeguro, disse mesmo que "os especialistas que já vieram dizer que o número anormal de mortes não se deve apenas à questão dos vírus que são normais nesta altura do ano, e que podem estar associados a outras razões, designadamente de natureza social e económica". Mas o deputado do Bloco de Esquerda, João Semedo foi mais longe, descobrindo o "vírus da austeridade" que "é responsável pelo aumento do número de mortes em Portugal"... Finalmente, especialistas em saúde pública associaram excesso de mortalidade à crise económica. Estas foram ainda assim pequenas amostras, pois foram muitas mais as barbaridades que se disseram por aí...

Assim sendo, e tendo por base esta imbecilidade colectiva, pode-se determinar o fim da crise, olhando para o gráfico abaixo. Ele é retirado do mais recente documento do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, e onde se verifica claramente que a crise, o vírus do João, e as medidas do Governo acabaram concerteza, pois o número de mortes está abaixo do que seria expectável para esse período:

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Envisat's mysteries

I read in the news today that connections have been lost with the Envisat satellite. ESA has already confirmed it too, but reading the latest Mission Operations News, it seems it would be predicted for a satellite that had only been planned for a five year mission.

So I ran to see how the sea level graphs had finished, and to my biggest surprise, the graph from AVISO had changed dramatically! I recall seeing it about a week ago, with totally different values! From an historical perspective, several older graphs can be seen in a post 9 months ago (in Portuguese), or compared with other satellite measurements in this WUWT post. Please compare the graph 9 months ago on the left, and the more recent one on the right (click to zoom):


Notice that the slope has gone up from 0.76 mm/year to 2.33 mm/year! This manipulation, which has no other name, has been justified by Aviso with the following notes:
  • Envisat time series extended before 2004 starting from Mai 2002.
  • Envisat V2.1 GDR reprocessed data used. The new standards are also detailled in the table "Processing and corrections".
  • Instrumental correction sign corrected (impact of around +2mm/year). The error detection and impact on data is detailled in:
    • Envisat 2011 yearly report, A. Ollivier & M. Guibbaud, soon on the Aviso website
    • Envisat Reprocessing impact on ocean data, A.Ollivier & M. Guibbaud, soon on the Aviso website
    • A.Ollivier et al. 2012, Envisat ocean altimeter becoming relevant for mean sea level long term studies? (submitted in Marine Geodesy)
  • new NetCDF CF format in the products and images selection interface

Now, this looks like a small part of the Envisat mystery. Please check that the older graph starts in 2004, but the newer graph starts in mid 2002! Notice that in the newer graph, the 2002 and 2003 values were much higher that those of 2004, and that the highest values of 2003 were not surprassed till late 2008. Now imagine why they were not there in the older graphs, and how being there would create a trend probably very near to ZERO!

The last image, the above one on the right, that's on the AVISO site is dated "Tue, 10 Apr 2012 09:14:03 GMT", so clearly has been put there after the satellite failed, which occurred last Sunday. No doubt that the hiding the decline was already planned, but probably was executed swiftly after the fail. Strangely, the last color image taken by the satellite was above Portugal, which is obviously a coincidence. But it looks like its mysteries have only started...

Poluição na China

Os alarmistas estão sempre tão preocupados com o CO2, seu impacto no clima, e nas formas de reduzir as emissões. Mas quando se fala da China para eles, toca a ajoelhar, porque é um tabu sagrado! Já várias vezes abordei o tema da poluição na China aqui, como por exemplo neste caso da poluição associada aos minerais verdes, ou nestes casos associado à poluição de chumbo ou de mercúrio.

Alarmistas como James Hansen, que ontem recebeu a medalha de Edinburgo, equipara a questão moral das alterações climáticas à da escravatura. Ele está preocupado com uma central na Eslovénia, mas nunca se lhes viu nenhuma preocupação com as mais de uma central que os Chineses activam por semana! Na verdade, Hansen mais não é que um escravo dos Chineses. Mas estes, indiferentes à palhaçada do escravo, estão conscientes dos problemas com a poluição, que afinal eles respiram em primeiro lugar, e por isso têm uma estratégia energética apropriada para o futuro.

Mas enquanto as centrais nucleares, a gás e as novas barragens não chegam, a poluição continuará a ser muito significativa. Nesta página, podem ver como é a desgraça da poluição na China, donde as duas imagens seguintes foram retiradas:


Nas duas imagens seguintes, retiradas deste site da NASA, temos imagens de satélite do início do ano, que mostram como a poluição chinesa é visível do espaço, e como as condições variam de um dia para o outro. Nada que não tenha sido já observado no passado. No presente, há mesmo informação em tempo real sobre a poluição em Pequim, que está disponível no Twitter.


Enfim, da próxima vez que ouvirem um ambientalista, alarmista, ou outro qualquer a falar de CO2, perguntem-se porque não falam eles da poluição Chinesa?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Donos de híbridos não são fiéis

Muitos dos defensores dos carros híbridos dizem que quando se experimenta um, não se quer outra coisa. Mas não foi isso que foi determinado nos Estados Unidos... Segundo esta notícia, apenas 35% dos donos de um híbrido voltam a comprar outro híbrido quando mudam de carro. E se excluirmos os donos de Toyota Prius, então a fidelização baixa para valores inferiores a 25%. Na capital do automóvel, Detroit, os valores são mesmo inferiores aos valores médios dos Estador Unidos.

O estudo original está disponível aqui, e aí verificamos que os antigos donos de um híbrido até mantêm a escolha na marca, mas escolhem outros carros não híbridos! E isto acontece mesmo com os preços da gasolina a também subirem significativamente para aqueles lados... Ainda mais surpreendentemente, a Polk descobriu que os locais com consumidores ditos mais ecológicos (eg. Los Angeles, San Diego, Portland e Seattle) não são mais fiéis que o resto dos Estados Unidos. Quem diria?!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Dilma Rousseff já mediu vento!

Via Terrorismo Climático, tivemos acesso a uma passagem extraordinária da Presidente brasileira, Dilma Rousseff, visível no vídeo abaixo. Não dispensando a respectiva visualização, interessa analisar a sua transcrição. Atentemos primeiro nas suas palavras, antes de ver o vídeo (realces da minha responsabilidade):

Que é fundamental proteger os cursos dos rios, senão você não consegue se desenvolver. Que nós teremos que ter energia renovável. E energia renovável, e o Pinguelli sabe mais do que eu, para garantir energia de base renovável, que não seja hídrica fica difícil, não é Pinguelli? Porque a eólica não segura. Não. E todo mundo sabe disso. Eles sabem disso.

Porque ninguém numa Conferência dessas também aceita, me desculpem, discutir a fantasia. Ela não tem espaço, a fantasia. Eu não estou falando da utopia, essa daí pode ter, eu estou falando da fantasia. Eu tenho que explicar para as pessoas como é que elas vão comer, como é que elas vão ter acesso à água, como é que elas vão ter acesso à energia. Eu não posso falar: “olha é possível só com eólica de iluminar o planeta”. Não é. Só com solar, de maneira alguma. Por isso, que tem de ter base científica a nossa discussão.

É tecnicamente, para que isso ocorra, porque eu já estive na Espanha num momento em que fazia oito meses que a eólica não funcionava porque não tinha vento. E não tem como estocar vento, não é? Não tem como. Não, nós estocamos água. A grande coisa que o Brasil fez foi estocar água, porque hidrelétrica, também, a água passou, acabou. Nós estocamos água. A água era a forma de a gente controlar a produção de energia com base na hidreletricidade. Como não tem como estocar vento, tem de ventar para ter eólica. Há que ventar. E o vento, não sei se vocês sabem, não venta igual 24 horas por dia, nem os 365 dias do ano. Eu estou falando isso porque eu já medi vento, viu? Eu medi vento no Rio Grande do Sul. Eu sei o que significa medir vento.

domingo, 8 de abril de 2012

Electricidade Verde

A mui competente Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, ressucitou mais um daqueles conceitos popularuchos, que tão medíocres resultados deu no passado! Ainda esperei um tempo para ver se havia reacção da malta, ie. das melancias, mas nada!

A electricidade verde não é a electricidade verde que o leitor julga, mas sim a electricidade destinada aos agricultores, e que é comparticipada por todos nós! Ou seja, aquela electricidade verde que sai das ventoinhas, e que já subvencionamos dupla ou triplamente, vai passar a ter mais um encargo para os contribuintes/consumidores! Está tudo definido na Resolução do Conselho de Ministros nº 37/2012.

O que mais me surpreende no meio disto tudo é que já esteja esquecido para que serve a electricidade verde. Em Fevereiro de 2006, o Ministério da Agricultura havia detectado uma taxa de irregularidade de 45 por cento na sua utilização, tendo sido extinto em 2008. Não admira que no sector mais subsídio dependente do País, se utilizasse a electricidade verde, de origem verde, para regar, por exemplo, os verdes campos de golfe... A medida entretanto regressou em 2010...

Destas pequenas decisões percebemos quem é esta Ministra mais do mesmo. A regurgitar propostas anteriores, e tudo porque a verdadeira electricidade verde, aquela que sai das ventoinhas, foi a responsável, em primeiro lugar pela subida de preços. Em vez de resolverem esse problema de vez, andam a enrolar, a alimentar uma verdadeira bola de neve. Eu e o leitor continuamos a sustentar com 5 milhões de euros, esta palhaçada; pelo menos espero que dê umas tacadas!

sábado, 7 de abril de 2012

Para onde caminha a China?

Via Terrorismo Climático, apercebemo-nos que os Chineses se mantêm lúcidos em termos da sua estratégia energética. Enquanto por cá pensamos que eles compraram a nossa EDP pelos seus lindos olhos, esquecendo-nos que serão agora para eles que irão os nossos ovos taxas de ouro, por lá a estratégia energética é clara!

Num relatório governamental de 5 de Março, o Primeiro Ministro Wen Jiabao está determinado em apostar na utilização de um mix energético seguro: nuclear, gás de xisto e hidroeléctrico. E está determinado em acabar com a expansão cega da energia solar e eólica!

Tais avanços são confirmados num relatório da Agência Internacional da Energia Atómica, que perspectiva um aumento da energia nuclear em 100% nas próximas duas décadas, suportado num crescimento na Ásia, e especialmente na China e Índia. Tal permitirá um crescimento substancial das centrais nucleares chinesas, que podemos ver no mapa acima, retirado daqui.

No domínio do gás de xisto (shale gas), as expectativas são ainda maiores. Em 2015 a produção de gás de xisto deve atingir os 6.5 mil milhões de metros cúbicos, e pelo menos 10 vezes mais em 2020! Os Chineses incentivam as suas empresas a procurar empresas no estrangeiro com tal tecnologia, mas a EDP não é certamente uma delas... Segundo a notícia, também para aqueles lados o preço do gás tem vindo a descer, sendo que praticamente apenas na Europa vamos pagando mais por ele!

Segundo a notícia original, na área das energias renováveis, o que vai dar são as novas barragens, que serão responsáveis por dois terços do aumento de capacidade. Eles planeiam adicionar 20GW de potência hidro-eléctrica, um aumento de 57% ao ano!

E por cá, na Europa, ainda ficamos a tentar perceber porque os Chineses estão a crescer, e nós nos estamos a enterrar? Não há dúvidas que os nossos políticos andam completamente a dormir...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pedro Viterbo à nora

Ontem, os Media voltaram a nausear-nos com referências a um conjunto de supostas conclusões de Pedro Viterbo, do extinto Instituto de Meteorologia. Recordemos que ele é um dos dois representantes de Portugal no IPCC. Resumidamente, é dito uma série de barbaridades sobre como serão os próximos Invernos em Portugal, mas para as enquadrarmos, temos que ver o que foi dito antes...

Na Bíblia das Alterações Climáticas em Portugal, o SIAM II, o Aquecimento Global traz claramente menos precipitação a Portugal. Mas vejam o que o livro diz sobre a precipitação no Inverno, na página 72 do PDF (76 do livro) (realces da minha responsabilidade):

No que se refere ao ciclo anual de precipitação, a maioria dos modelos projecta para os meses de Inverno um aumento ligeiro da precipitação acumulada no ponto Norte no período 2070-2099 em relação ao período 1961-1990, tomado aqui como período de referência.

Mais à frente, na página 74 do PDF (78 do livro), refere-se o seguinte:

No Inverno, para os cenários A2 e A1F1, as anomalias de temperatura variam entre +1.5ºC e +4ºC e as anomalias de precipitação entre -25% e +20%. A maioria dos modelos prevê um aumento da precipitação de Inverno em Portugal Continental, principalmente na região Norte.

Todo este texto é confirmado pela imagem da Fig. 2.52, que aparece na página seguinte, e que se visualiza abaixo. O Inverno está no canto superior esquerdo da imagem, e não há dúvidas que as previsões são de aquecimento substancial, e uma previsão favorável de precipitação, sobretudo quando comparado com as restantes estações do ano:


É claro que os tretas invocarão que isto são previsões para 2070-2090, quando a maior parte deles já cá não estarão. Mas olhando por exemplo para a Fig. 2.19 do SIAM II, não há dúvidas que a tendência é praticamente linear! E olhando para as previsões do IPCC, também não há grandes dúvidas que os Invernos vão ser mais quentinhos, embora em termos de precipitação haja alguma redução prevista mais para o sul do País:


É neste contexto que temos portanto que analisar as conclusões de Pedro Viterbo. Vou ter como referência o artigo da TVI24, que parece ter sido o primeiro a sair, sendo certo que parecem cópias chapadas de um texto da LUSA. O parágrafo introdutório prevê Invernos secos e mais frios em Portugal, o que vai manifestamente contra o que o IPCC e o SIAM propagandeiam:

A redução do gelo no Oceano Ártico devido ao aquecimento global pode provocar um aumento de invernos secos e mais frios em Portugal, disse hoje à Lusa Pedro Viterbo, do Instituto de Meteorologia (IM).

Mas não julguem que Pedro Viterbo se passou para os lados dos cépticos! Vejam como o Aquecimento Global é a justificação para a redução do gelo no Oceano Árctico, outra frase infeliz, sobretudo quando nos últimos dias a anomalia de gelo no Árctico foi das mais próximas da normal, nos últimos sete anos! Perante as contradições, Pedro Viterbo começa logo a enrolar-se:

«Há uma indicação de que poderá haver maior frequência destas situações de invernos secos e de secas, mas não sei até que ponto posso dar significância estatística a isto», sublinhou Pedro Viterbo.

E a confusão continua... Será que o IPCC está mesmo certo?

O especialista considera que o estudo estabelece uma tendência, mas não consegue explicar «o facto de os dois últimos anos terem sido muito chuvosos», sendo que o de 2009/2010 foi mesmo o «mais chuvoso de sempre» em Lisboa.

Logo de seguida, Pedro Viterbo dá uma martelada nos poucos argumentos que poderia ter, e que referi acima, e que reside nas previsões serem a tão longa distância. Quando dão jeito, é já a seguir:

Pedro Viterbo admite que o «gelo do Ártico está a diminuir a uma taxa muito superior àquilo que os próprios modelos de clima dizem» e considera que «as previsões de um grande decréscimo na segunda metade do século XXI, provavelmente vão já acontecer na primeira metade do século XXI».

E porque o Aquecimento Global tem que explicar tudo, dá-se o pino final:

De acordo com o estudo, desde que a superfície do gelo caiu para um nível recorde, em 2007, quedas de neve nitidamente mais abundantes do que o normal foram observadas em vastas regiões norte-americanas, na Europa e na China.

Nos invernos de 2009-2010 e 2010-2011, o hemisfério Norte registou a segunda e terceira acumulações de neve mais fortes desde o início dos registos.

Não há dúvidas que estes pseudo-cientistas estão completamente à deriva! Dizem uma coisa e o seu contrário... O problema é que à medida que forem produzindo estudos e mais estudos a granel, serão cada vez maiores as contradições! E nestes tempos da Internet, bastam apenas alguns minutos para desmanchar estes fantoches da Ciência.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Tartaruga chéché a 199

Como praticamente todos os leitores já saberão, a notícia do dia é Mário Soares ter sido apanhado a 199Km/h. Parece que ele terá dito que "o Estado é que vai pagar a multa", ou seja e o leitor, e os restantes contribuintes... Como seria de imaginar, o senil ex-Presidente reagiu mal e foi «bastante mal-educado», o que significa em Português, que se fosse outro, iria preso... É nisto que dão as merdomias!

Eu, já há muito deixei de ligar alguma coisa a Mário Soares. Como quase todos os Portugueses, já percebi há muito tempo que ele foi um dos maiores farsantes da nossa Democracia. O problema é que estes artistas dizem umas coisas e fazem outras. Como referi anteriormente, neste artigo e neste outro, já ninguém tem paciência para aturar estas coisas da senilidade... Mas, se era como Soares dizia, que a mão inconsciente e desastrada do homem, que agride e maltrata o planeta e compromete os seus equilíbrios naturais, então os Portugueses vão ter assim, de castigo, uma Páscoa fria... Toma!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Jorge Moreira da Silva

Jorge Moreira da Silva era, até ao último congresso do PSD, vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD. Agora, Jorge Moreira da SIlva passa na prática a número dois do PSD, passando a ser o novo coordenador político do PSD. O País já se tinha safado no passado de o ver como Ministro do Ambiente, que só não foi por uma questão de quotas...

Mas quem é este Jorge Moreira da Silva, um completo desconhecido do público? Sempre foi basicamente um burocrata associado ao que de pior podemos imaginar da fraude do Aquecimento Global e Alterações Climáticas. Veja-se o que ele dizia em 2002, enquanto relator, negociador e autor da Directiva que estabeleceu o novo Sistema Europeu de Comércio de Emissões (todos os realces da minha responsabilidade):

conditions are created that Climatic Change and the Kyoto Protocol are no longer only theoretical items but will constitute in future an important pillar in economic and environmental politics. The Carbon Economy is born. Those who are able to produce with less greenhouse gas emission will be the winners.

É claro que ele se enganou redondamente! Quem está a ganhar são aqueles que mais CO2 emitem, com a China naturalmente à frente, e a Europa justamente no final dessa lista, e com Portugal na última posição! Quase tudo o que ele defende é de meter repulsa. Veja-se outro caso bastante evidente, do que Jorge Moreira da Silva dizia em 2003:

Jorge Moreira da Silva, who is steering a bill through the parliament which will cap industrial emissions of carbon dioxide (CO2), said Europe would have to pay to cut the emissions seen as a contributor to global warming but the EU could show the world it can be done without bankrupting the economy.

"In the short term we will pay. Our products will have the environmental costs included in the price," the centre-right politician from Portugal told Reuters in an interview at the Brussels-based assembly.
(...)
Moreira da Silva said if the scheme can be made cost-effective and credible, it could eventually help convince the United States to come back to the international climate change table.

"If we can prove that this scheme will remove emissions at lower cost, if we prove it works in Europe and it works in the rest of the world when we link it to other (emissions trading) schemes, I guess the U.S. administration might find a reason to ratify Kyoto," he said.

Moreira da Silva believes that, as the climate change problem becomes more evident, eventually all countries will have to reduce CO2 emissions and those that learn how to do so earlier, like the EU, will be at a competitive advantage.

"It might not be now, not in five or 10 years, but some day we will all be obliged to (cut emissions)," he said.

Todas estas afirmações foram desmentidas pelos factos. Não só os Estados Unidos não aceitaram Kyoto, como outros saltaram fora. Obviamente, a única coisa que se provou com o esquema das emissões europeu, foram as incontáveis fraudes que proliferaram no mercado de carbono. E que finalmente o está a afundar à Titanic... E obviamente no problema das alterações climáticas, o que é cada vez mais comum é os ratos saltarem fora do barco.

É provavelmente o que aconteceu a Jorge Moreira da Silva. Saltou fora do cargo de director-geral das Nações Unidas da área de Economia das Alterações Climáticas, no Grupo de Energia e Ambiente, para aturar agora, entre outros, os caciques locais, preparando nomeadamente as próximas eleições autárquicas. Sempre são novos ares, mais perigosos que os do CO2. E como nas eleições os eleitores começam a gostar de desancar naqueles que lhes trouxeram taxas de carbono, talvez o Jorge Moreira da Silva comece a piar mais fino...

Actualização: Um leitor mandou-me vários apontadores recentes que confirmam a análise do salta-fora. A China saltou fora da encomenda de umas dezenas de aviões Airubus europeus. A Q-Cells, outrora o maior fabricante de paineis solares fotovoltaicos, saltou fora do mercado, declarando insolvência. E para comemorar o meu post, o mercado de carbono deu um trambolhão de 14%!

domingo, 1 de abril de 2012

A hora da Terra

A hora da Terra foi comemorada ontem entre as 20:30 e 21:30. Eu, da minha parte, comemorava-a consumindo a electricidade lá de casa sintonizada no Estádio da Luz... Mas tal como há dois anos atrás, esta hora tem que ser comemorada pensando sempre nos desgraçados que vivem na Coreia do Norte. Sempre que esta ideia da WWF recorre por aí, é neles que eu penso, a que se junta agora todos aqueles que em Portugal também comemoram todas as noites esta ideia patética de viver sem electricidade...

A imagem acima (retirada daqui) documenta como a Coreia do Norte é um deserto luminoso, o estilo de local que inspira os ecologistas da treta. Mas nenhum deles se digna ir para la. E a Coreia do Sul é uma ilha luminosa, que brilha em pleno contraste. Muitas imagens evidenciam como os melancias têm à sua espera o reino de Deus, nesse canto inacessível. Mas para todos aqueles que querem mais imagens inspiradoras, podem também ver o aspecto de todo o planeta à noite (retirada daqui), embora a imagem não seja visível na maioria do software porque tem 15000x30000 pixels. E nesta sequência animada podem ver mais imagens do planeta à noite, enquanto este não regressa à Idade Média...