As pessoas no terreno tem uma visão clara do que se passa. Não é enfiados nos gabinetes, laboratórios ou ministérios que vamos a algum lado. Já aqui nos referimos há pouco mais de um mês, sobre o que aí vem. Entretanto, atente-se nos comentários de Paulo Fernandes, nos blogs Estrago da Nação e Ambio, dos quais não tenho razão para desconfiar (os realces são meus):
Hoje percorri todo o perímetro do incêndio do Marão. Em condições meteorológicas relativamente suaves cerca de 200 homens (e mulheres) faziam o que sempre fazem, ou seja esperar o fogo à beira da estrada (por vezes deitados gozando o sol da tarde). O Kamov ia largando uns litros de água inconsequentes. Uma equipa GAUF que estava a fazer contra-fogo por 3 vezes o viu apagado pelo Kamov (parece que nada mudou no que toca à coordenação ar-terra). Em áreas tratadas com fogo controlado há 3-4 anos a reduzida intensidade do incêndio era notória, mas as equipas com ferramenta manual que o poderiam apagar facilmente não se encontravam lá. Nalgumas secções do fogo fazia-se o mais acertado, ou seja deixá-lo arder porque no balanço do ganhar e do perder ambiental o 1º sai claramente vantajoso com fogos que ocorrem em matos nestas condições. Mas noutras áreas o "dispositivo" foi incapaz de impedir a floresta de arder. Centenas (ou km?) de estreitas (5-10 m) faixas limpas por sapadores florestais junto às estradas e caminhos mostraram pela enésima vez a sua inutilidade. Noutra secção do incêndio a arborização absurda efectuada dois anos atrás com grande esforço de homens e máquinas em declives insanos teve o destino merecido (ardeu completamente). E os jornalistas, por telefone ou no teatro de operações, fizeram as perguntas do costume às quais eles próprios dão a resposta do costume ... Não é no fogo (ou nestes fogos invernais) que está a desgraça mas sim em todo este circo que ingloriamente desperdiça o erário público.
http://estragodanacao.blogspot.com/2009/03/fogos-invernais.html
http://ambio.blogspot.com/2009/03/so-para-lembrar.html