domingo, 1 de março de 2009

Nature aldrabada

Não é a primeira vez que aqui referimos como as revistas da especialidade são aldrabadas. A Nature é uma das predilectas, tantas são as aberações que publica. Na edição número 7228, de 22 de Janeiro, a capa da revista chamava a atenção para o aquecimento da Antárctida. A notícia propagou-se à velocidade da luz pelos media...

Como já é habitual nestes estudos, a análise da veracidade da publicação não foi efectuada. Os dados em que se baseia a publicação não foram disponibilizados, e coincidência, o autor retirou-se para a Antárctida... Felizmente, Steve McIntyre entrou mais uma vez em cena para desmascarar estes pseudo-cientistas da treta!

O que ele descobriu encontra-se naturalmente no seu blog Climate Audit. Todavia, para os comuns dos mortais, o resumo efectuado no blog do Anthony Watts é bem mais acessível. O que daí se depreende é confrangedor!

Steig et al utilizaram basicamente dados da península da Antárctida e plataforma de gelo de Ross, onde se sabe ter havido Aquecimento nas últimas décadas. A península é geograficamente isolada do Continente, menos de 5% da área total, mas isso não os impediu de utilizar 15 das estações situadas nessa península, que corresponderam a 35% dum total de 42 estações do estudo! Comparativamente, apenas 3 estações se situam no interior da Antárctida... Como se isso não fosse mau, usaram estações à mesma latitude da ponta mais a sul do continente sul-americano, estações essas que não cabem no mapa da capa da Nature!

O estudo prossegue com a tentativa de encaixar todos os dados anteriores a 1980 em três tendências. Isso equivale a representar a evolução das temperaturas depois de 1957 com apenas três cores. No estudo de correlação entre estações, verificaram-se correlações quase totais entre estações situadas a quase 4000Km de distância entre si, um enorme disparate. Depois da análise toda, Steig utiliza uma simples média das 63 séries temporais das estações meteorológicas AWS, esquecendo-se convenientemente que uma percentagem muito significativa delas estão aglomeradas na península e plataforma de gelo de Ross.

Para todos os leitores interessados na matéria, não há como recomendar a leitura do resumo, referenciado no segundo link abaixo.

www.nature.com/nature/journal/v457/n7228/abs/nature07669.html
http://wattsupwiththat.com/2009/02/28/steigs-antarctic-heartburn/