A história do que se passou em Foz Côa nos últimos 20 anos é um exemplo do melhor que se faz em Portugal. Um conjunto de rabiscos, muito mais rudimentares que os da foto ao lado, feitos provavelmente por uns homens bêbados do Paleolítico, suspendeu a construção de uma barragem. As motivações políticas foram claramente superiores às da arqueologia, mas a tomada do poder por parte dos socorristas das gravuras só trouxe problemas às gentes daquela terra, obviamente iludidas...
Primeiro prometeram-se mundos e fundos. 200000 visitantes anuais tornaram-se em apenas 16592 visitantes mais de 10 anos depois, em 2007. A população obviamente não compreende o barrete. Infra-estruturas de acesso estão quase como que há 15 anos, e é bem provável que o visitante enjoe duas vezes no processo, primeiro nas curvas antes de chegar, e depois ao ver as gravuras... No meio disto tudo, os novos autarcas entenderam que até era interessante fazer uma mini-hídrica (Catapereiro), mas planeamentos da treta obviamente nem para pagar ao banco dão... Para além da parede da mini-hídrica, os autarcas que entretanto já foram despedidos, pareciam especialistas em outros muros da treta! Mesmo a actual Ministra da Cultura revela a insensatez de outros tempos, na forma como defende a barragem do Tua...
Tudo isto nos vem à memória, no dia em que o nosso Socras declarou que "este museu é a gravura que nós deixamos às futuras gerações". Depois de se enterrarem 18 milhões de euros neste mamarracho, vou ficar de olho nas estatísticas de visitantes, que terão que pagar 5 euros para verem não sei o quê... Daqui a umas centenas de anos, tal como hoje, nada recordará o estado de embriaguez mental dos autores de ditas gravuras!