quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ferros na APREN

É impressionante o pânico que se sente nas renováveis! Depois do exemplo que referi há quase duas semanas, seguiu-se a APREN, que mais não fez do que tentar defender a sua dama. Deu para perceber pelo que foi revelado pela Imprensa, que mais tretas vinham aí!

Não me enganei! Vários leitores comunicaram-me que a APREN tinha disponibilizado o estudo Sumário Executivo. Versão já corrigida, como se pode ver pelo URL... Depois de o ler na íntegra, a vontade era a de vomitar... Seja pelas mentiras, meias-verdades, ou omissões! Quase tudo já foi rebatido aqui no blog, mas há novidades! Como a das eólicas serem boas porque evitam perdas na rede de transporte (tenho que mentalmente me recordar para no futuro malhar neste argumento)!

Das muitas verdades que o estudo foge, como o Diabo foge da cruz, a maior é obviamente a das tarifas feed-in. Começam logo por varrer o problema para debaixo do tapete, no início do documento, e se repararem, no resto do documento só é referido, de forma insignificante, mais duas vezes:

As tarifas feed-in (FIT) da PRE-FER em Portugal são competitivas em comparação com as dos países europeus analisados neste Estudo, nomeadamente Espanha, Alemanha, Itália e França. Em 2010, o valor médio das tarifas da PRE-FER em Portugal situou-se 15% abaixo da média dos países Europeus e a actual FIT aplicada à energia eólica, para os projectos instalados a partir de 2009 (70 €/MWh), apresenta-se igualmente como a mais baixa.

Se olharmos para as actuais tarifas feed-in, podemos ver que dos quatro países referenciados, apenas a Itália está suficientemente longe. Mas, o problema como sabemos, nem sequer é das tarifas para os projectos novos, que continuam todavia claramente acima do valor de mercado. O problema é a herança do querido Líder! Que associou por muitos e longos anos tarifas elevadíssimas ao pioneirismo português na matéria. Vejam como as tarifas eram há quatro anos atrás, descritas neste estudo europeu:


Cliquem para ver melhor e confirmar que estavamos claramente no pelotão da frente da roubalheira eólica, e novamente à frente de Espanha, Alemanha e França! Por isso, quando a APREN nos acena com os 70 €/MWh, sabe que nos está a esconder a herança do passado. E não é preciso ir muito longe, para provar não só que o valor não está a descer, como está mesmo a subir!

No site da ERSE podemos ver a mais recente Informação Sobre Produção em Regime Especial, que incorpora os dados actualizados a Julho de 2011. Na página 12 do PDF podemos constatar que o custo médio da energia eólica, para este ano era de 95.4 €/MWh em Julho, o valor mais elevado de sempre, conforme podem ver na página 5 do mesmo documento! Pior é ainda constatar que este valor está a subir, como se pode ver pelo valor de 93.8 €/MWh para Abril e 94.0 €/MWh para Maio...

Enfim, é mais um ferro neste touro das energias alternativas em Portugal, e das eólicas em particular. Bruno Camona, na Luz Ligada, já havia ontem espetado um ferro. A estocada segue dentro de momentos! Eh touro!