Confesso que sou um utilizador pouco frequente dos transportes públicos. E quando os utilizo fico, quase sempre, certo que fui mal servido! Por isso, algumas vezes nem noto quando o serviço ainda é pior, como foi a quadra natalícia deste ano. Só hoje é que me dei conta que os maquinistas da CP resolveram, mais uma vez, utilizar a arma da greve. Porque foi Natal, pensei logo, mas quando fui investigar, ainda mais parvo fiquei!
A greve destes dias, e que deve estender-se até à passagem do ano, é essencialmente motivada por processos disciplinares, que a administração desencadeou, porque estes mesmos maquinistas não haviam cumprido os serviços mínimos por ocasião de greves anteriores ocorridas na empresa...
Também, ao contrário dos anos anteriores, o salário de Dezembro não foi antecipado. Não admira, pois praticam-se salários absurdos nas empresas públicas de transportes, como referi para o caso do Metro de Lisboa aqui e ali. Na CP não se ganha tão bem, mas como o semanário Sol já referia este ano, há maquinistas que chegam a ganhar 50000 euros por ano! É para isto que servem as absurdas indeminizações compensatórias de serviço público, em que a CP, Refer e Metropolitano de Lisboa receberam quase 120 milhões de euros este ano...
Mas o que motivará verdadeiramente todas estas greves dos Maquinistas da CP? Parte do mistério estará no fundo de greve para o qual eles descontam todos os meses para o Sindicato dos Maquinistas. Todos os meses os maquinistas descontam um por cento do seu ordenado para o Fundo. Quando fazem greve, os Maquinistas recuperam esse investimento. Agora, toca a fazer contas: de quanto em quanto tempo devem os maquinistas fazer greve, para recuperarem o investimento?