segunda-feira, 27 de junho de 2011

Duplo desperdício solar

Fecha este mês mais um concurso para centrais fotovoltaicas. Como os leitores habituais do blog já sabem, o Estado arrecada dinheiro com a venda das licenças, e os consumidores que paguem durante as próximas dezenas de anos... Já na próxima quarta-feira, a DGGE coloca os últimos 16 lotes de 2MW cada, que se prevê resultem num encaixe adicional de 16 milhões de euros.

Mas, neste caso, o que me chateia ainda mais, é verificar que a distribuição das licenças nem sequer funciona numa lógica de optimização dos recursos. Para comparação, alguém se lembraria de construir uma barragem num dos rios cronicamente secos do Alentejo, para produzir energia eléctrica??? Para armazenar água, sim, mas para produzir energia? Tal passa-se todavia com a energia solar...

Na primeira imagem abaixo (clicar para maior detalhe), podemos observar o número de horas de sol, retirada daqui, para Portugal continental. Para os mais interessados no detalhe, podem ver aqui a distribuição da insolação, para cada um dos meses de 2010. Outros mapas existem, como os disponíveis no Instituto do Ambiente, e que nos dão a quantidade total de radiação global em Kcal/cm2. Mas, se olharem para a segunda imagem abaixo, retirada daqui, vemos que a distribuição da potência instalada não tem a ver com um melhor aproveitamento da energia solar... Ainda se poderia invocar que a proximidade do consumo justifica uma maior potência em distritos mais densamente povoados, mas os valores ridiculamente baixos de potência permitiriam uma distribuição muito mais óptima. Mas os "engenheiros" que fazem estas distribuições estão preocupados com outras coisas...