É conhecido o impacto que as barragens têm na qualidade da água. Água parada é diferente de água corrente. Mas, é claro que este domínio é complexo. Veja-se o exemplo da Quercus, que considerou que a "água do rio Guadiana, na zona de Serpa, passou de “boa” em 2008 para “excelente” em 2009". Ou seja, mesmo com o Alqueva, a qualidade da água é excelente... Mas nem tudo é assim tão simples. No Relatório Ambiental do PNBEPH, percursor à escolha definitiva das barragens do PNBEPH, já era referenciado de forma clara:
Em termos de quantidade dos recursos hídricos, esta Directiva estabelece o seguinte: “Assegurar o fornecimento em quantidade suficiente de água de boa qualidade, conforme necessário para uma utilização sustentável, equilibrada e equitativa da água”, meta esta que o PNBEPH deverá ajudar a cumprir. O PNBEPH vai, em termos de qualidade da água, em sentido oposto aos objectivos da DQA, que tem como principal objectivo evitar a continuação da degradação e proteger e melhorar o estado dos ecossistemas aquáticos, e também dos ecossistemas terrestres e zonas húmidas directamente dependentes dos ecossistemas aquáticos. No entanto, de acordo com a mesma Directiva, esta não é violada desde que os empreendimentos sejam justificados como uma actividade necessária ao desenvolvimento humano e que “sejam tomadas todas as medidas exequíveis para mitigar o impacto negativo sobre o estado da massa de água”. (...) A criação de novos planos de água será equivalente à criação de novas reservas de água. Estas novas reservas de água poderão servir também para disponibilizar maiores caudais de água para acções de higiene, primeiros cuidados de saúde e salubridade. A sua mobilização poderá contribuir também para minimizar quaisquer doenças derivadas da menor qualidade da água e sobretudo da falta de fiabilidade de funcionamento dos sistemas de Águas de Abastecimento e de Águas Residuais. Contribuição para o cumprimento dos objectivos preconizados no domínio do aproveitamento de águas termais, desde que antes da construção das barragens se proceda ao estudo das águas termais existentes e se proceda à análise das suas possíveis utilizações no âmbito do PNAAS. |
Curiosamente, o que os melancias e todos associados ao processo parecem querer esconder é que provavelmente o maior problema da água das novas barragens do PNBEPH, será igualmente a consequência da necessidade de bombear a água para as barragens a montante, com utilização da energia eólica. O próprio estudo da ARCADIS, para a Comissão Europeia, e que tanto júbilo incutiu nos melancias, não faz uma única referência ao problema! Em 400 páginas, não arranjaram sequer um parágrafo para falar do problema!!! Curiosamente, o estudo considera mesmo (Tabela 6, página 293) que a existência de bombagem é "mais favorável" em termos de impacto ambiental!
São muito os potenciais problemas de andar a bombear a água, com a energia do vento. Tal será mais frequente no Verão, que no Inverno. Uma miríade de problemas ocorrem-me em segundos, mas sem que se vejam referidos pelos melancias, porque eles sabem que todas estas consequências resultam unicamente da energia eólica:
- maior aquecimento médio das águas, nas albufeiras, e a jusante;
- disrupção da estratificação térmica;
- maior turbulência em termos de sedimentos;
- mais frequentes e rápidas alterações de níveis de água;
- maior erosão devido às ondas criadas em ambos os reservatórios;
Destes problemas derivam imediatamente outros. Outros problemas surgem com a localização de determinadas barragens reversíveis, como é o caso de Foz Tua, que vai passar a incorporar água do rio Douro. Toda a poluição que vem pelo Douro abaixo vai passar a ser bombeada para cima, para o rio Tua. Porque é que nenhum ecologista ainda falou nestes problemas? Porquê?