A APREN colocou hoje cá fora o seu balanço das renováveis de 2011, e que ecoou logo pelos Media... A APREN diz que as renováveis pouparam €721 milhões em importação de combustíveis. Como é habitual, não explicam como chegaram a estas contas...
Mas as contas inversas são fáceis de fazer! É só pegar nos dados da REN e combiná-los com os preços dados pela ERSE. Estes últimos são os valores médios do ano de 2011 em Novembro, pelo que certamente muito próximos dos valores finais do ano.
Começando pela eólica, podemos verificar que em 2011 foram produzidos 9005 GWh, o que a um preço médio da tarifa feed-in de 94.5 € por MWH, dá logo 850 milhões de euros! Na energia solar fotovoltaica foram produzidos 261 GWh, que multiplicados por 342 € por cada MWh, dá mais 89 milhões de euros. Na hídrica PRE foram mais 1021 GWh, que a 91.3 €/MWh representam mais 93 milhões de euros. O resto da PRE renovável é mais difícil de catalogar, mas se conseiderarmos que existiram 12853 GWh de PRE renovável, e descontando a eólica, solar e hídrica, ficamos ainda com 2566 GWh para contar. Se considerarmos o valor de 95 €/MWh dados para a cogeração renovável, então soma-se mais 244 milhões de euros.
Ou seja, toda a PRE somadinha dá a módica quantia de 1277 milhões de euros de custos. E a APREN diz-nos que poupamos 721 milhões??? Pois, eles dão um chouriço, e nós damos-lhes o porco... Na verdade, estas contas rápidas demonstram um sobrecusto das renováveis de cerca de 556 milhões de euros, um valor que se aproxima do valor que o Ecotretas havia previsto para 2011, superando por uma margem maior a previsão que a EDP havia efectuado. Todavia, como a maior parte da energia eólica é produzida de madrugada, quando o custo é menor, o sobrecusto real tenderá a aproximar-se mais do valor que havia previsto em Outubro...
Notem-se mais dois aspectos interessantes: primeiro, que o custo da tarifa feed-in das eólicas subiu em 2011, ao contrário da visão dos seus defensores, que advogavam que a energia eólica estava cada vez mais barata; segundo, que a APREN definitivamente não sabe fazer bem as contas - vejam as diferenças das mesmas percentagens, quando comparadas com a análise da Quercus (eg. 17.6% vs. 17.8%, 25.1% vs. 25.4%)...