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Ontem, o Jornal de Negócios revelou que o custo de incorporar biocombustíveis no gasóleo triplicou no ano passado. A Autoridade da Concorrência estimou que os encargos para os primeiros três trimestres de 2011 foram de cerca de 53.9 milhões de euros, o que projectado para o total do ano, e com um desconto por via da queda do consumo, coloca o encargo anual, da medida estúpida, em 70 milhões de euros!
Esta incorporação do biodiesel nos combustíveis resulta de imposições comunitárias. Mas, como somos mais papistas que o Papa, em vez dos 5% a que estavamos obrigados (Decreto-Lei nº 117/2010, alterado recentemente pelo Decreto-Lei nº 6/2012), incorporamos quase 7%, segundo dados da APPB (Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis). Ou seja, estamos a alimentar determinadas empresas, como a Iberol, Fábrica Torrejana, Prio (Grupo Martifer), Biovegetal (Grupo SGC) e Sovena (Grupo Nutrinveste). E se ainda estivessemos a alimentar os nossos agricultores, eu até daria o benefício da dúvida, mas não me parece que seja esse o caso, como este artigo indicia. Dados mais concretos, como deste documento do LNEG, referem que para 2007, apenas 3% dos óleos vegetais foram de produção doméstica! Não admira que haja tanto secretismo à volta desta matéria!
Felizmente, os Estados Unidos acabaram com a subsidiação à produção de etanol. Infelizmente, há deturpações ainda mais estúpidas! Ainda assim, estamos no bom caminho, até porque pela primeira vez em 10 anos, a produção mundial de biocombustível desceu em 2011.