Invernos Quentes (1808) de Johann Peter Hebel(1760-1826) O inverno quente do ano 1806-1807 causou muita surpresa e fez bem aos pobres; e aquele e o outro, que agora saltam nos seus sapatos de criança, passado sessenta anos e agora como homem velho, sentado no banco da lareira e contando aos seus netos,que ele também uma vez era criança como eles, que no Anno 6 quando os Franceses estavam na Polónia, entre o Natal e o Ano Novo comeu morangos a apanhou violas. Tempos assim são raros, mas não fora de vulgar, assim se conta nas crónicas antigas há 700 anos, 28 anos semelhantes. No ano 1289, em que ainda ninguém sabia de nós, era tão quente que as donzelas na altura de Natal e o Dia de Reis, enfeitaram-se com coroas feitas de violas, escovinhas e outras flores. No ano 1420 o inverno e a primavera eram tão amenos que em Março, as árvores já tinham passado de flor. Em Abril já haviam cerejas e as videiras estavam em flor. Em Maio já haviam uvas a amadurecerem. a primavera 1807 não conseguimos elogiar coisas assim. No inverno 1538, as meninas e os rapazes conseguiram beijarem-se no espaço verde, se não só em castidade, o calor era de tal maneira que no Natal encontrou-se tudo em flor. No primeiro mês do ano 1572 rebentaram as árvores e em Fevereiro os pássaros estavam a chocar. No ano 1585, na Páscoa amadureceu o centeio. No ano 1617 e 1659 no mês de Janeiro cantaram as cotovias e os tordos. No ano 1722 a partir de Janeiro deixou-se de aquecer as casas. No ano 1748 foi o último e invulgar inverno quente. Em resumo: é melhor rebentarem as árvores no dia de São Estevão (26.12.), do que ter sincelos no dia de São João. |
domingo, 8 de janeiro de 2012
Warme Winter
O leitor Horst Stricker enviou-nos um excerto muito interessante do livro Kalendergeschichten ("Histórias de Almanaque"), de Johann Peter Hebel. O texto original pode ser visto neste exemplar do Google Books, nas páginas 90 e 91. Horst Stricker teve ainda a amabilidade de nos traduzir o texto, que revela que também no passado existiram alterações climáticas, Aquecimento Global, e coisas que tal. Continuo aqui no Ecotretas a referenciar estas importantes notas históricas, pois os actuais alarmistas bem gostariam que elas desaparecessem. E a sonhar com um Inverno bem quentinho, coisa que nem os nossos amigos brasileiros parecem ter...
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