sábado, 11 de setembro de 2010

As verdades subliminares da energia eólica

A IEA Wind, uma ramificação da Agência Internacional de Energia, publicou o seu relatório anual. Naturalmente, celebra o triunfo da tecnologia eólica, sobre diversos prismas. Mas as verdades que são possíveis recolher no relatório serão quase subliminares para a maioria dos seus leitores...

Nas muitas tabelas e gráficos, procurei primeiro pelos valores dos apoios e tarifas feed-in. Não encontrei! Estão dispersos pelo texto, como o valor de 93.74 €/MWh para Portugal (pag. 133), mas a comparação directa com outros países não existe! Que conveniente... Dá contudo para perceber que pagamos bastante mais que os Espanhóis, que registaram um valor médio de 78.183 €/MWh em 2009 (pag. 140).

14 dos 20 membros da IEA, incluindo Portugal, utilizam tarifas feed-in (pag. 9). Segundo este esquema, que os leitores habituais do blog conhecem bem, as companhias de distribuição de electricidade são obrigadas a comprar toda a energia eólica produzida, a valores muito mais elevados que os normais. Os países que não utilizavam em 2009 este esquema eram, entre outros, o Japão (excepção a pequeno produtores), Reino Unido (em 2010), Finlândia (terá em 2010?), Coreia (terá em 2012), Mexico e Noruega. Cruzemos os dados da página 6, relativa à percentagem do consumo de energia proveniente do vento (ordenados por ordem decrescente), com os dados da página 9, realçando a sublinhado aqueles que tinham tarifas feed-in:

19.30% Denmark
15.00% Portugal
14.40% Spain
10.50% Ireland
6.50% Germany
4.40% Greece
4.00% Netherlands
3.00% Austria
2.10% Italy
1.90% United States
1.80% Canada
1.80% Sweden
1.70% United Kingdom
1.60% Australia
0.80% Norway
0.40% Japan
0.30% Finland
0.20% Korea
0.20% Mexico
0.04% Switzerland


A mensagem subliminar assim é perfeitamente visível. A energia eólica só existe onde é escandalosamente subsidiada! Depois de mais de 98000 torres eólicas em funcionamento (apenas nos países da IEA), esta é ainda uma indústria fortemente subsidio-dependente! E com montes de problemas, como são o exemplo das turbinas que não atingem o seu período expectável de vida e que tem que ser substituídas ou reparadas a custos elevados (pag. 11), ou o exemplo impressionante do Japão (pag. 111)

Finalmente, uma referência a Portugal. Parece sair-se bem das estatísticas, mas estamos a pagar para isso, como repetidamente aqui vimos referindo. Somos todos tão aldrabados: As pessoas que contribuíram para o documento, deviam estar tão em êxtase perante os seus pares internacionais, que colocaram Viana do Castelo em Espanha (pag. 134):

In 2007, the technological complex of the German company Enercon GmbH, a member of the wind energy consortium Eólicas de Portugal, SA., began construction in the north of Spain (Viana do Castelo).