quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Bjorn Lomborg

Anda por aí uma notícia, propagada aparentemente pela LUSA, de que Bjorn Lomborg advoga a criação de um fundo de 100 biliões de dólares por ano, para salvar o planeta do Aquecimento Global. Estas notícias tentam sobretudo transmitir a ideia de que Lomborg é um céptico convertido aos alarmistas...

Mas Bjorn Lomborg não é um céptico sequer. Ele é um cientista político, bem falante, como já nos referimos aqui. É um vegetariano, esquerdista e homossexual assumido, sendo que antes de ser conhecido nunca tinha publicado um artigo científico sequer nas áreas do Ambiente, e até era apoiante da Greenpeace, com o objectivo de salvar o Mundo. E acredita piamente no Aquecimento Global, conforme afirmou no seu livro "Cool It" de 2007: "Global warming is happening. It's a serious and important problem..."

Um dia, Lomborg viu na Wired um artigo sobre Julian Simon, a quem já aqui nos referimos no blog. Lomborg, que também era professor de Estatística na altura, nem queria acreditar na história. E deu uma tarefa aos seus alunos: eles analisariam o trabalho do economista de direita, Julian Simon, e "provariam" que ele havia manipulado e distorcido os dados estatísticos, por forma a provar que o Mundo não estava efectivamente a ficar melhor da perspectiva ambiental, conforme Simon advogava.

Para grande surpresa de Lomborg, os seus alunos provaram o contrário: que Simon havia tratado correctamente os dados! Os alunos provaram ainda que quem havia manipulado os dados eram essencialmente as ONGs, que Lomborg tanto admirava! Daí até escrever o livro "The Skeptical Environmentalist" foi um passo. O livro desencadeou a fúria dos ecologistas, e ele foi agredido, investigado e julgado, mas sobretudo vítima de inúmeros ataques ad-hominem nos Media e na Internet.

Até Pachauri detesta o homem. Numa entrevista de 20 de Abril de 2004, ao jornal dinamarquês Jyllands-Posten, Pachauri comparou Lomborg a Adolf Hitler:

What is the difference between Lomborg’s view of humanity and Hitler’s? You cannot treat people like cattle. You must respect the diversity of cultures on earth. Lomborg thinks of people like numbers.

No dia seguinte, as reacções aos termos de Pachauri foram de condenação, embora Lomborg levasse na mesma tabela. Do episódio pouco reza a história... Pachauri negou depois a responsabilidade por tais afirmações, mas o repórter Lars From, do jornal dinamarquês confirmou as afirmações.

Resumindo, Bjorn Lomborg é uma voz muito inconveniente. Mas numa altura em que o IPCC está debaixo de fogo, esta notícia serve para divergir as atenções. Na verdade, nem sequer os ecologistas querem acreditar, mas que dá jeito, dá!

Actualização: Surpreendentemente, depois de o comparar a Hitler, Pachauri agora até o incentiva: "This book provides not only a reservoir of information on the reality of human-induced climate change, but raises vital questions and examines viable options on what can be done"