
Na sequência de
uma notícia, um pouco idiota,
que andou por aí, perguntei por correio electrónico ao Professor Jorge Pacheco,
Director do Departamento de Matemática e Aplicações da Universidade do Minho:
Diga-me lá se a sua teoria não explica o sucesso dos cépticos, no contexto da Religião do Aquecimento Global, baseado justamente no terceiro modelo que testaram? |
Como não obtive resposta, nem penso que ela chegue, fui entretanto investigar a investigação deste investigador nacional... Chamou-me logo a atenção a sua publicação mais recente, "
Minimizing CO2 Emissions in a Computing World", da autoria também de Carlos Reis. Como é costume, descobrir os artigos científicos não é propriamente fácil... Das deambulações pela net,
acabei por o descobrir aqui, referenciado como um "Best Paper Award" na "IEEE 5th International Conf. on Software Engineering Advances 2010".
A publicação abre com factos como os da mudança de datacenters do Google e Microsoft para próximo de barragens hidroeléctricas, insinuando que tal se deveria ao não envolvimento de emissões de CO2, assim minimizando o impacto da sua actividade no suposto Aquecimento Global. Reis e Pacheco desconhecem, todavia, que a verdadeira razão para a localização próxima de centrais hidroeléctricas é a garantia de uma energia barata, como se pode ver
logo no início deste artigo, que eles próprios citam! A citação deles é relativa ao CO2, mas no artigo nem vê-lo. O que interessa é que a energia é tão barata, que chega a ser
8 vezes mais barata que em Silicon Valley...
Depois, os autores supostamente dão algumas medidas de eficiência de energia, como a de não arrefecer os equipamentos. Mas que grande novidade! O Google já o faz
há muitos anos... Locais como a Islândia andaram também a
tentar vender a ideia, a que acrescia igualmente um preço muito baixo da energia local, quase toda hidroeléctrica e geotérmica. Mas muitos outros locais há onde há frio e energia barata. No Canadá há vários,
sendo este apenas um exemplo. Como podem ver,
a energia é muito baratinha... Até em Portugal, a Portugal Telecom descobriu as vantagens de construir um data-center num local fresquinho, em vez de na ilha de calor que é Lisboa, como oportunamente
referi aqui.
Mas os autores vão mais longe na desinvestigação, ao sugerirem que projectos como o SETI@Home podem ser bons para o ambiente, porque utilizam a capacidade desperdiçada de cumputadores pessoais que não estão a fazer nada...
Contas rápidas desmascaram imediatamente a ideia. Pior, a realização desses cálculos nos datacenters mais eficientes, referidos acima, fariam os mesmos cálculos, por muito menos dinheiro, emitindo inclusivamente menos CO2 no processo, porque viria das tais barragens. Mas porque o fazem? Simples, porque são os nabos lá em casa, e nas empresas, que pagam o acréscimo na conta de energia! E o custo do hardware e da sua manutenção... E aposto que
no meio dos prevaricadores, devem ainda estar instituições públicas, processando inutilidades à custa dos nossos impostos...